Estudante de 16 anos levantou a mão para perguntar e foi ignorado. Docente informou que ele devia enviar perguntas por escrito
Quando a sua classe de história no County College of Morris discutia a exploração do Novo Mundo, Philip Garber Jr. ergueu a mão, esperando perguntar por que exploradores da China do século 15, que viajaram até a África, não alcançaram também a América do Norte. Manteve sua mão no ar por grande parte da aula de 75 minutos, mas a professora não o chamou. Ela já lhe havia dito para não falar em sala de aula.
Foto: NYT
Precoce e confiante, Philip Garber Jr. também é gago
Garber, um precoce e confiante jovem de 16 anos de idade, que está fazendo duas aulas na faculdade neste semestre, tem muito a dizer, mas também tem uma gagueira profunda que dificulta sua comunicação e o impede de falar com rapidez.
Após as primeiras aulas, nas quais ele participou ativamente, a professora Elizabeth Snyder lhe enviou um email pedindo que ele fizesse perguntas antes ou depois da aula, "para não interferir no tempo dos outros alunos."
Quanto às respostas a questionamentos que surgem em sala de aula, Snyder sugeriu: "Eu acredito que seria melhor para todos se você tivesse uma folha de papel em sua mesa e pudesse anotá-las."
Mais tarde, ela lhe disse: "Sua fala é perturbadora."
Garber relatou a situação a um reitor, que sugeriu que ele fosse transferido para a classe de outro professor, onde ele passou a poder fazer e responder perguntas de novo.
Enquanto o caso de Garber é incomum, a gagueira não é: cerca de 5% das pessoas gaguejam em algum momento de suas vidas, e cerca de 1% gaguejam quando adultos, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. A experiência em sala de aula ressalta uma queixa perene entre os gagos, que a sociedade não reconhece sua condição como uma deficiência e toca em um tema antigo: o equilíbrio entre as necessidades de um indivíduo e o bem de um grupo.
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"Como fazemos com todos os alunos, temos tomado medidas para resolver as preocupações de Philip para que ele possa continuar sua formação com êxito", disse Kathleen Brunet Eagan, diretora de comunicação da faculdade.
Ela não quis dizer se a professora Snyder, que se recusou a discutir o assunto, havia sofrido medida disciplinar, mas observou que a faculdade "se esforça para educar professores e funcionários sobre como acomodar os alunos."
A mãe de Garber, Marin Martin, uma enfermeira, disse: "Eu entendo que pode ser difícil ouvir alguém que gagueja, mas a resposta não é pedir que se cale."
Garber disse que poderia ter tido alguma simpatia pelo dilema da professora se ela o houvesse expressado com menos agressividade. "Eu tive muita sorte de nunca ter sido provocado, intimidado ou qualquer coisa assim, mas algumas pessoas que gaguejam param de falar completamente por causa desse tipo de abuso", disse Garber. "As pessoas não pensam nisso como uma deficiência legítima. Elas precisam aprender."
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