quarta-feira, 29 de junho de 2011

Pais podem tomar banho junto com filhos pequenos?

Seja por praticidade ou opção muitos pais acabam tomando banho com os filhos. E não tem nada de errado nisso!

Renata Losso, especial para o iG São Paulo

Foto: Getty Images Ampliar
Perguntas sobre as diferenças anatômicas devem ser respondidos com naturalidade

Algumas famílias podem até se espantar e outras nem terem pensado nisso antes: é aconselhável tomar banho junto com os filhos? De acordo com a psicóloga Kátia Teixeira, toda atividade prazerosa que possa ser feita com um filho é bem-vinda.

Estar junto com a criança na hora do banho possibilita aos pais tornarem aquele momento lúdico e, além disso, fortalecerem o vínculo com o filho. Porém, para a publicitária e autora do blog “Conversa de Mãe” Fabiana Deziderio, 35, não foram estes motivos que a levaram a tomar o primeiro banho com o filho Joaquim, um ano e oito meses. Ela colocou uma piscininha inflável ao lado dela, no box do banheiro. “Tive que fazer isso por praticidade naquele momento, mas ele nem ligou para a minha existência e ficou brincando”, conta.

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A máxima de que com filhos pequenos a privacidade do banheiro acaba é verdade, segundo Fabiana. Ela conta que não é todo dia que toma banho junto com o filho, mas sempre que precisa coloca-o no carrinho dentro do banheiro, para que possa vê-lo enquanto ela está no chuveiro. “Faço isso quando estou sozinha com ele por questão de segurança. Antes eu ficava angustiada de deixá-lo no berço e ligar a babá eletrônica porque o chuveiro abafava o som”, diz. Porém, sempre que pode, prefere dar banho no Joaquim separadamente: “Dar banho nele sozinho é um evento, com brincadeiras e desenvolvimento. Quando ele vai para o chuveiro comigo, é pura pressa e acho que ele aproveita menos”.
Foto: Arquivo pessoal Ampliar
Fabiana compartilha alguns banhos com o filho Joaquim por ser mais prático

Sem constrangimentos

Para a publicitária e também autora do mesmo blog Beatriz Freitas, 30, aconteceu o mesmo. “Eu nunca tive problemas em ficar nua na frente dele e no início era mais pelo motivo da segurança mesmo. Eu não seria louca de deixá-lo sozinho enquanto tomava banho”. Enquanto Theo, hoje com três anos, crescia, ela o deixava com algum brinquedo em um tapetinho no chão do banheiro. Porém, com o tempo – e com o menino já conseguindo manter-se em pé – começou a tomar banho junto com ele para viver momentos de descontração ao lado do filho. Beatriz comenta que o filho adora: “É um momento em que estou muito presente e brinco o tempo todo com ele”, conta.

E realmente não é necessário ter nenhum preconceito em relação a tomar banho junto com os filhos. Segundo a psicóloga e coordenadora pedagógica do Colégio Ápice, em São Paulo, Maria Rocha, é importante que o casal concorde que não tem nada demais compartilhar o banho com a criança e reforça que, se não houver constrangimento para ninguém, é saudável para a criança tomar banho com um dos pais. “Não há nada contra. Tudo depende dos valores que aquela família possui”, diz. Porém, se surgirem perguntas quanto às diferenças anatômicas do corpo, não entre em pânico.

Questionamentos são comuns

Beatriz conta que o Theo já chegou neste momento de questionar. “Mamãe, por que você tem pichoquinha e eu tenho piu-piu?” e “Mamãe, por que você tem peito e eu não?” são algumas das questões que o menino já fez no banho. A publicitária conta que sempre procura dizer a verdade em uma linguagem que o filho entenda. Se ele pergunta por que ela tem peitos e ele não, Beatriz responde: “Filho, a mamãe é mulher e você é homem. O homem tem o corpo de um jeito e a mulher de outro. A mulher tem os peitos grandes porque precisa guardar o leite para bebê mamar”.
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As questões que surgirem ao longo dos banhos compartilhados, segundo a especialista, devem ser respondidas da maneira mais natural possível. “Se os pais ficarem acuados, a criança irá perceber e, aí sim, poderá começar a criar uma determinada malícia sobre o assunto”, explica Kátia. Falar sobre as diferenças, portanto, é mais indicado do que omitir. E não tem problema a mãe tomar banho com o filho ou o pai tomar banho com a filha. De acordo com Kátia, chega um momento em que a própria criança não vai mais querer tomar banho com os pais.

“Os pais devem aceitar a opinião dos filhos de não quererem mais compartilhar o banho, afinal, é uma opção individual”, afirma Maria Rocha. Esta escolha acontece em idades diferentes para cada criança. Tanto pode ser quando ela tiver seis ou 10 anos.

É importante deixar claro, quando a criança já puder entender, que tomar banho junto é uma atitude da intimidade da família. “É preciso mostrar para a criança que aquilo é algo que acontece dentro de casa, com pai e mãe, e não com outras pessoas”, afirma Maria Rocha.

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Esse tipo de diálogo vai satisfazendo todas as curiosidades da criança ao longo do desenvolvimento. Para a psicóloga Kátia Teixeira, quando esta criança chegar à adolescência – e a sexualidade ressurgir de outra maneira – o jovem conseguirá também conversar sobre tudo o que envolve o tema com grande naturalidade. “É uma construção em que a criança vai percebendo que pode conversar sobre todos os temas”, diz. Afinal, assim como a criança pode perguntar sobre as diferenças anatômicas, ela também irá perguntar sobre a cor da borboleta ou outros assuntos. “São curiosidades inerentes à idade. Não deve ser visto como algo incomum”, completa.

Só com os pais

terça-feira, 28 de junho de 2011

Estudo de 30 anos confirma benefícios da mamografia

Pesquisa mais longa sobre o tema até agora mostrou que o exame previne 30% do total de mortes por câncer de mama

The New York Times*
 
Foto: Thinkstock/Getty Images Ampliar
Mamografia: benefícios são vistos mais de 10 anos depois de iniciado o primeiro exame

Exames de mamografia reduzem mais mortes por câncer de mama do que acreditavam os especialistas na doença. A conclusão é de um estudo em larga escala feito na Suécia.

Na pesquisa que acompanhou mulheres ao longo de 30 anos – é o mais longo até agora – os médicos constataram que os benefícios desse exame de detecção do câncer de mama vêm ficando mais claro na medida em que passam as décadas.

Conheça o Guia de Exames do iG Saúde

De fato, a maioria dos benefícios é vista mais de 10 anos depois de iniciado o primeiro exame, e os exames seguintes são capazes de prevenir mais mortes por câncer do que qualquer outro exame de detecção, reportam os pequisadores.

“A boa notícia é que se considerarmos os efeitos em longo prazo do exame na mortalidade por câncer de mama, o benefício absoluto do exame em termos de vidas salvas é consideravelmente maior do que o antes pensado”, disse o líder do estudo, Stephen W. Duffy, especialista em prevenção do câncer e professor da Universidade de Londres.
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Estudos têm debatido por muitos anos qual a melhor idade para fazer a primeira mamografia e com que frequência ela deve ser feita – no Brasil a recomendação é a partir dos 50. No novo estudo, Duffy e seus colegas seguiram mais de 133 mil mulheres entre 40 e 74 anos, de dois condados suecos.

As mulheres foram divididas em dois grupos: o primeiro foi convidado a fazer o rastreamento com a mamografia e o segundo foi composto por mulheres que recebiam os cuidados usuais, pelo sistema de saúde. A fase de rastreamento durou cerca de sete anos. Mulheres entre 40 e 49 anos foram convidadas a fazer o exame a cada dois anos e as participantes entre 50 e 74 anos a cada 33 meses. O acompanhamento durou 29 anos.


Para cada mil a 1,5 mil mamografias, uma morte por câncer de mama foi evitada, concluiu o grupo liderado por Duffy. Outra análise mostrou que, para cada 2,5 mil mulheres entre 40 e 49 anos convidadas para fazer o exame, uma morte foi evitada. O estudo foi publicado na edição deste mês do periódico científico Radiology.

“Fiquei surpreso e tranquilizado com o quão duradouro e consistente foi o benefício dos exames ao longo de três décadas” disse Duffy.

Não foi possível “destrinchar” os benefícios específicos dos exames em mulheres por volta dos 40 anos, observou o médico. Mas outros estudos sugerem que “embora o benefício seja menor, ainda há uma redução da mortalidade como rastreamento nessa idade”, disse.
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Ao final do estudo, os pesquisadores observaram 30% menos mortes no total de óbitos por câncer de mama no grupo convidado para fazer o rastreamento, em comparação ao que não foi.

Também foi constatada uma redução absoluta substancial nas mortes por câncer. Após 29 anos de seguimento, de 34 a 42 anos de vida foram salvos para cada mil mulheres rastreadas por sete anos, e uma morte por câncer de mama foi evitada para cada 500 mulheres, aproximadamente.

Se o rastreamento tivesse seguido por outros 10 anos com os mesmos benefícios, apenas 300 rastreamentos seriam necessários para salvar uma vida, diz o estudo. Além disso, para cada mil mulheres rastreadas a cada dois anos em idades entre 40 e 69 anos, seriam evitadas de 8 a 11 mortes por câncer de mama. Duffy não espera que os resultados de sua pesquisa encerrem o debate sobre quando e com que frequência se deve fazer a mamografia.

“Sempre haverão céticos para argumentar que os benefícios da mamografia são pequenos demais para justificar os custos financeiros do exame”, disse o médico.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Meu filho tem talento para isso?

Pais devem ficar atentos para diferenciar fantasia infantil de aptidão profissional e ajudar corretamente na escolha da profissão

Foto: Arquivo pessoal
Aos 11 anos, Gregory Dieguez é campeão no kart, mas não deixa os estudos de lado

Ser jogador de futebol, cantor, bailarina ou modelo são sonhos bastante frequentes na infância. Mas como os pais podem identificar se os filhos têm realmente aptidão para seguirem determinadas carreiras ou se é apenas uma vontade passageira? Como orientá-los e até mesmo dizer a eles que não possuem habilidade para certas profissões?

Em primeiro lugar, os pais devem ficar atentos para saber diferenciar o que é fantasia e o que é aptidão verdadeira. O psicólogo Fabiano Fonseca da Silva, do Serviço de Orientação Profissional da Universidade de São Paulo (USP), explica que muitas vontades são expressadas pelas crianças por modismo ou pelo desejo de ingressar no mundo adulto, imitando figuras que admiram. Por isso, é normal que o filho queira ser jogador de futebol quando vê o ídolo em uma partida, por exemplo. “Faz parte da escolha da criança manifestar este tipo de interesse. Fantasiar é importante na infância e pode até ajudar, mais tarde, na escolha de qual carreira realmente seguir”, diz.

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Após assistir ao filme Homem-Aranha, Yael Matheus Jorge Pereira, de sete anos, colocou na cabeça que queria ser fotógrafo, inspirado pelo protagonista Peter Parker, que exerce a profissão. Ao mesmo tempo, o menino também demonstra interesse em ser guitarrista, depois de ter escutado o roqueiro Slash (ex- Guns N’ Roses) tocar. Atenta às vontades do filho, a mãe decidiu incentivar o menino, que faz aulas de música há seis meses e aprendeu com a tia, que é fotógrafa profissional, algumas técnicas para registrar boas imagens. “Acho que os dons se percebem desde pequeno. Vamos incentivá-lo a seguir suas aspirações”, acredita a tecnóloga em hotelaria Patricia Mara Pereira Cruz.

Ao perceber nos filhos o interesse em uma determinada carreira, seja por modismo ou fantasia de se parecerem com os ídolos, os pais podem até entrar um pouco no jogo, mas sempre ponderando os desejos das crianças e, principalmente, permitindo que elas sejam inseridas em outras experiências. Sendo assim, Silva explica que, se a criança quer ser atleta, não há problema que a mãe o matricule em uma escola de futebol, mas o filho deve ter acesso também a outros tipos de atividade.

Apoio familiar dá segurança de escolha

De acordo com o psicólogo Fabiano Fonseca da Silva, as crianças começam a manifestar suas aptidões de maneira mais estável por volta dos seis anos de idade. Por conta de uma convivência maior, os pais têm mais condições de perceber as habilidades que os filhos têm ou que vão adquirindo a partir do convívio social e das relações interpessoais.

O apoio familiar também é fundamental para dar segurança emocional para as futuras escolhas profissionais, segundo explica a psicopedagoga Maria Irene Maluf, especialista em educação e neuroaprendizagem. Ela diz que as experiências vivenciadas na infância são importantes para o amadurecimento e a definição dos interesses pessoais. “Assim, o jovem se sentirá seguro, autoconfiante e resiliente para suportar as dificuldades naturais do mundo fora da escola”, afirma.

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É nisso que aposta o empresário Maurício Dieguez depois que o filho Gregory, de 11 anos, começou a competir como piloto de kart, há quatro anos. Mesmo já tendo conquistado títulos na categoria mirim, o pai sabe que se trata de uma carreira difícil e competitiva, por isso incentiva o filho a treinar, mas, ao mesmo tempo, prepara o garoto para outros desafios, caso não seja possível prosseguir como profissional. “Falo para ele que a única certeza de futuro é a escola, que ele tem que continuar se dedicando aos estudos”, afirma.
Foto: Arquivo pessoal
Yael Matheus pensou em ser fotógrafo depois de assistir ao filme Homem-Aranha
Conversa sincera e acolhedora
Às vezes, mesmo com todo apoio e incentivo da família, os filhos não conseguem levar adiante o sonho de infância, seja por falta de talento, habilidade, disciplina ou outras circunstâncias. Segundo explica a psicóloga Jurema Teixeira, especialista em Desenvolvimento Infantil e professora da Faculdade de Psicologia da Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban), ao identificarem que os filhos não levam jeito para uma determinada carreira, os pais devem conversar de maneira sincera e acolhedora e mostrar que existem outras possibilidades a seguir. Assim, se a criança quer ser modelo, mas não tem o biotipo exigido, os pais podem incentivá-la a fazer alguma atividade relacionada ao mundo da moda, por exemplo.

Foi o que fez a dentista Cristina Bechelli ao perceber que o sonho do filho Rennan, hoje com 23 anos, de ser jogador de basquete não iria se concretizar. Apaixonado pelo esporte, o menino começou a participar de jogos em clubes amadores com 11 anos de idade, mas, embora tivesse habilidade técnica, esbarrou em outro problema: a altura, que o impediu de entrar para o time profissional. “Ele teve de parar de jogar aos 17 anos. Foi um momento difícil, ele ficou em depressão”, conta a mãe. Foi então que ela o incentivou a participar de outras atividades nas quais sentia que o filho se sairia bem, como o teatro. Deu certo. Rennan acabou trocando as quadras pelos palcos.

Assim como fez Cristina, a orientação aos filhos precisa ser baseada em um conversa franca, procurando sempre enaltercer as qualidades da criança e ajudando-a a reconhecer outras habilidades profissionais. “Os pais também devem apontar o que o jovem pode fazer em contrapartida, sempre ressaltando o que ele tem de bom e nunca apontando os defeitos”, finaliza Jurema Teixeira.

 

domingo, 26 de junho de 2011

Crise terminal do capitalismo?

"Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões que não aguentam mais as consequências da super-exploracão de suas vidas e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou"

Leonardo Boff*

Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adapatar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.

A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX, Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.
A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.

O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.

Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o desemprego atinge 20% no geral e 40% entre os jovens. Em Portugual 12% no pais e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.

A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos paises periféricos. Hoje é global e atingiu os países centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos interesses dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.

Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.

As ruas de vários paises europeus e árabes, os “indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia, são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhois gritam: “Não é crise, é ladroagem”. Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumo-sacerdotes do capital globalizado e explorador.

Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da super-exploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas.

* Doutor em Teologia e Filosofia pela Universidade de Munique, nasceu em 1938. Foi um dos formuladores da “teologia da libertação”. Autor do livro Igreja: carisma e poder, de 1984, que sofreu um processo judicial no ex-Santo Oficio, em Roma, sob o cardeal Ratzinger. Participou da redação da Carta da Terra e é autor de mais de 80 livros nas várias áreas das ciências humanísticas.
 
Fonte: Congressoemfoco

sábado, 25 de junho de 2011

Estudo desmente alegação de racismo em medição de crânios humanos

Nova medição de coleção Morton acaba com controvérsia histórica levantada pelo paleontólogo Stephen Jay Gould em 1981

The New York Times | IG

Foto: The New York Times
Alan Mann e Janet Monge examinam crânios da coleção Morton: refutando Stephen Jay Gould

Frequentemente, cientistas são acusados de deixar sua ideologia influenciar nos resultados. Um dos casos mais famosos é o dos crânios de Morton – a coleção global reunida por Samuel George Morton, antropofísico do século XIX.

Num livro de 1981, The Mismeasure of Man, o palentólogo Stephen Jay Gould afirmou que Morton, crente que o tamanho do cérebro era uma medida de inteligência, havia subconscientemente manipulado os volumes cerebrais dos crânios europeus, asiáticos e africanos – para favorecer sua ideia pré-formada de que os europeus teriam cérebros maiores e os africanos, menores.
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Mas agora, antropólogos físicos da Universidade da Pensilvânia, proprietária da coleção de Morton, voltaram a medir os crânios. Num artigo que faz pouco para lustrar a reputação de Gould como acadêmico, eles concluíram que quase todos os detalhes de sua análise estão incorretos.

“Nossos resultados solucionam essa controvérsia histórica, demonstrando que Morton não manipulou seus dados para sustentar suas pré-concepções, contra Gould”, escrevem eles na última edição do periódico PLoS Biology.

Gould, que morreu em 2002, baseou seu ataque na premissa que Morton acreditava que o tamanho do cérebro estava relacionado à inteligência.

Contudo, não há evidências de que Morton acreditasse nisso ou estivesse tentando prová-lo, afirmou Jason E. Lewis, líder da equipe da Pensilvânia.

Em vez disso, Morton estava medindo seus crânios para estudar a variação humana, como parte de uma pesquisa sobre se Deus havia criado as raças humanas separadamente (um assunto recorrente antes de Darwin decretar que todos pertenciam à mesma espécie).

Em seu livro, Gould sustentava que os resultados de Morton eram “uma colagem de evasivas e trapaças no claro interesse de controlar suas convicções”. As evasivas não eram deliberadas, segundo Gould, mas uma instância de interpretações inconscientes de dados, uma prática que ele acreditava ser “excessiva, endêmica e inevitável” na ciência. Suas descobertas são amplamente citadas como exemplo de predisposição e falibilidade científicas.

Mas a equipe da universidade não acha que os resultados de Morton foram adulterados ou influenciados por suas convicções. Eles identificaram e mediram novamente os crânios usados em seus artigos, descobrindo que em apenas 2 por cento dos casos as medições de Morton diferiam significativamente das atualizações. Esses erros eram aleatórios ou davam um volume maior aos crânios africanos, ao contrário da imputação feita por Gould contra Morton.

“Esses resultados refutam a alegação de que Morton mediu de forma fisicamente errada os crânios com base num preconceito anterior”, conclui a equipe.

Gould não mediu ele mesmo nenhum dos crânios, fazendo meramente uma reanálise dos papéis contendo os resultados de Morton. Ele acusou Morton de diversos subterfúgios, como desconsiderar subgrupos para manipular a pontuação geral de um grupo. Quando esses erros foram corrigidos, segundo Gould, “não sobraram diferenças notáveis entre as raças de Morton”.

Mas o próprio Gould omitiu subgrupos em sua própria análise e cometeu diversos erros de cálculo. Quando estes são corrigidos, as diferenças entre as categorias raciais reconhecidas por Morton correspondem àquelas atribuídas por ele. “Ironicamente, a própria análise de Gould é o maior exemplo do preconceito influenciando resultados”, diz a equipe da Universidade da Pensilvânia.

Lewis, o principal autor, afirmou que, ao buscar por referências para algumas das acusações de Gould, descobriu que Morton não havia cometido os erros que lhe haviam sido atribuídos. “Aqueles elementos do estudo de Gould eram surpreendentes”, declarou ele. “Não posso dizer se foram intencionais”.

Lewis, que hoje trabalha na Universidade de Stanford, iniciou o projeto quando ainda estava na Pensilvânia.
Um estudo anterior de John S. Michael, então estudante da Pensilvânia, concluiu que os resultados de Morton eram “razoavelmente precisos” e sem sinais claros de manipulação. Porém, quando outros sugeriram que Gould havia sido refutado, Philip Kitcher, filósofo da ciência da Columbia University, correu em sua defesa.

“Não é inteiramente evidente que devamos preferir as medições de um estudante às de um paleontólogo profissional”, escreveu ele em 2004. “Sem novas medições dos crânios e novas análises dos dados, parece-me melhor deixar esta suja questão descansando numa nota de rodapé”.

Na semana passada, Kitcher afirmou que a equipe da Universidade da Pensilvânia havia conduzido um “trabalho muito cuidadoso” e que “é muito bom ver um trabalho de estudantes ser sustentado”.

Quanto ao peso das novas descobertas sobre a reputação de Gould, Kitcher disse: “Steve não sairá disso como um trapaceiro, mas como alguém que comete erros. Se Steve ainda estivesse entre nós, ele provavelmente iria se defender com grande inventividade”.

Mas Ralph L. Holloway, especialista em evolução humana da Columbia e coautor do novo estudo, estava menos disposto a conceder a Gould o benefício da dúvida.

“Eu simplesmente não confio em Gould”, explicou ele. “Eu tinha a sensação de que sua postura ideológica era suprema. Quando saiu a versão de 1996 para 'The Mismeasure of Man’, e ele nem mesmo se dignou a mencionar o estudo de Michael, apenas senti que ele era um charlatão”.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Ensine hábitos alimentares saudáveis para seus filhos

Especialistas dizem que o melhor caminho é quando os pais oferecem comidas e bebidas saudáveis, e dão o bom exemplo eles próprios

NYT | IG

 
Foto: Getty Images Ampliar
A melhor maneira de ensinar crianças a terem hábitos alimentares saudáveis é quando os pais dão o bom exemplo, dizem especialistas

A Academia Americana dos Médicos de Família afirma que os pais deveriam ensinar as crianças a terem uma alimentação balanceada oferecendo muitas frutas, vegetais e grãos. Além disso, devem ficar de olho no número de calorias que as crianças ingerem, levando em consideração a idade delas.

Outro conselho é limitar a ingestão de bebidas adoçadas em apenas uma porção diária. O ideal é encorajar as crianças a beberem água.

Se a família tiver hábitos alimentares saudáveis, certamente influenciará na alimentação dos filhos. Fazer as refeições juntos é indicado. Assim como desligar a televisão durante este período.

Os especialistas também acreditam que os pais não devem forçar os filhos a comerem quando eles não tiverem fome ou os obrigar a ingerir toda a comida que foi colocada no prato.

Deixar a criança comer devagar e parar quando estiver satisfeita são atitudes recomendáveis. Outras sugestões são: não usar a comida como forma de recompensa e evitar fast-food.

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terça-feira, 21 de junho de 2011

Cidade do Piauí tem mais medalhas que 11 Estados em Olimpíada de Matemática

Município de 5.600 habitantes, que já havia ganhado o concurso Soletrando, teve 14 medalhistas em Matemática

Raphael Gomide, iG Rio de Janeiro 
 

Pela quinta vez em cinco anos, Sandoel Vieira, 16 anos, saiu de Cocal dos Alves (PI) para receber uma medalha nas Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). No Theatro Muncipal do Rio, ele recebeu na tarde desta terça-feira sua terceira medalha de ouro – as outras duas foram de bronze – e cumprimentou a presidente Dilma Rousseff, ao lado de 499 alunos de todo o País.

Foto: Raphael Gomide Ampliar
Medalhistas de Cocal dos Alves no Theatro Municipal, ao lado do professor Xavier

Sandoel não veio sozinho. Estava no Rio acompanhado de mais três conterrâneos ainda mais jovens, que também obtiveram a premiação máxima da disputa: Clara Mariane Oliveira, 13, Antônio Wesley Vieira, 13 e José Márcio Brito, 15.

O município de 5.600 habitantes - de onde também saiu o vencedor do programa Soletrando - fica a 300 km da capital Teresina e tem apenas duas escolas públicas – uma municipal e outra estadual. Sozinha, a cidadezinha conseguiu 14 medalhas entre os 3.200 melhores do Brasil. Além das 500 medalhas de ouro, foram distribuídas ainda 900 de prata e 1.800 de bronze pelos resultados, entre 19,5 milhões de competidores, na sexta edição do evento.

A pequena cidade, sozinha, recebeu mais medalhas de ouro que 11 Estados do país. “É a água de lá”, brinca o professor da Universidade Federal do Piauí João Xavier da Cruz Neto. “Como se explica, qual seria a chance de sucesso de uma cidade pequena? Isso se deve à dedicação de dois professores”, afirmou o presidente da Olimpíada e diretor do Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), Cesar Camacho.

O provável segredo está na existência de um grupo de estudo de matemática que promove reuniões duas vezes por semana com professores de matemática locais, Antônio Cardoso Amaral e Raimundo Brito, e aulas a cada duas semanas com professores da Universidade Federal do Piauí. “Treinamos problemas sobre assuntos de olimpíada de matemática e nos preparamos”, explica Sandoel. “Eu fico orgulhosa”, diz, quase inaudível, a tímida Clara.
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Além de estudar Matemática, Antonio Wesley gosta de jogar videogames e mexer em computadores. “Não posso mexer direito (em computadores), tenho pouco acesso”, conta José Márcio, filho de lavradores, que estuda à noite e não tem computador. Campeão na Matemática, José Marcio pretende trabalhar em um universo mais abstrato que a lavoura de feijão dos pais, que tem pouco estudo. Ele pretende ser pesquisador de Matemática. “Esse prêmio nos dá novas perspectivas e abre possibilidades”, disse Sandoel.

A presidenta Dilma Rousseff acredita que “histórias de superação como as que aqui presenciamos são exemplo para o Brasil”. “Um país não é feito só de realizações concretas, pontes; uma das coisas mais importantes é o conhecimento, a capacidade do ser humano de a cada geração ir além. Aqui estão jovens que podem ir além e serão os instrumentos para que o Brasil vá além. O tamanho de nosso país tem a ver com o tamanho de nossos sonhos”, afirmou.

Dilma anuncia bolsas

A presidenta anunciou a criação de um programa que vai distribuir 75.000 bolsas de estudo universitário – da graduação ao pós-doutorado – em universidades de elite do mundo, em países como os Estados Unidos, Alemanha, China e França, por exemplo.
Foto: Raphael Gomide, iG Rio de Janeiro Ampliar
Xavier, ao lado dos medalhistas José Márcio, Sandoel e Antônio, do Piauí

A pentamedalhista de ouro Maria Clara Mendes Silva, mineira de 16 anos que ficou empatada em primeiro lugar neste ano com mais sete alunos, é uma candidata. “Quero estudar no MIT (Massachussetts Institute of Technology) ou em Harvard”, disse ela, que mora em Pirajuba e tem consciência de seu potencial.

Clara faz parte de um grupo de elite da OBMEP, que vem uma vez por mês ao Rio para treinamento em Matemática. Ao lado de André Macieira Costa, 16, e Henrique Fiúza, 15 – ambos de colégios militares – e mais três jovens, ela vai representar o Brasil na Olimpíada Mundial de Matemática, em julho, na Holanda.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Amigos do Coração... Amigos para SEMPRE...


No Coração a vitória é da Inovação. No Coração a vitória é da Ética, princípio presente na fala, nos atos e nos simples gestos daqueles que se uniram em torno de um Coração de Jesus mais Humano, mais qualificado para o que se propõe aos que lá estudam, trabalham e sonham. Obrigado de Coração a todos que acreditaram e acreditam na Chapa 1 - Inovar. Com vocês faremos uma escola mais justa, solidária e formadora.

Obrigado...Obrigado... Obrigado...

E um especial ABRAÇO à JUVENTUDE da E. E. Coração de Jesus que desejou, ardentemente, INOVAÇÃO.

 
Cristiane, Guilherme, Jane e Tânia - INOVAR

segunda-feira, 6 de junho de 2011



No Coração a vitória é da Inovação. No Coração a vitória é da Ética, princípio presente na fala, nos atos e nos simples gestos daqueles que se uniram em torno de um Coração de Jesus mais Humano, mais qualificado para o que se propõe aos que lá estudam, trabalham e sonham. Obrigado de Coração a todos que acreditaram e acreditam na Chapa 1 - Inovar. Com vocês faremos uma escola mais justa, solidária e formadora.
Obrigado...Obrigado... Obrigado...

E um especial ABRAÇO à JUVENTUDE da E. E. Coração de Jesus que desejou, ardentemente, INOVAÇÃO.

 
Cristiane, Guilherme, Jane e Tânia - INOVAR

domingo, 5 de junho de 2011

No Coração a vitória é da Inovação. No Coração a vitória é da Ética, princípio presente na fala, nos atos e nos simples gestos daqueles que se uniram em torno de um Coração de Jesus mais Humano, mais qualificado para o que se propõe aos que lá estudam, trabalham e sonham.
Obrigado de Coração a todos que acreditaram e acreditam na Chapa 1 - Inovar. Com vocês faremos uma escola mais justa, solidária e formadora.

Obrigado... Obrigado... Obrigado...


Cristiane, Guilherme, Jane e Tânia - INOVAR