quinta-feira, 31 de março de 2011

Exercícios podem reduzir efeitos do sal na hipertensão

Quem é fisicamente ativo teve risco 38% menor de desenvolver alta sensibilidade ao sal, diz pesquisa

The New York Times - IG

Foto: Getty Images Ampliar
Exercícios: ajudinha extra contra os efeitos do sal na hipertensão

Um novo estudo mostra que atividades físicas podem diminuir o impacto negativo da alimentação rica em sódio sobre a pressão arterial.

Os pesquisadores constataram que quanto maior a quantidade de exercícios, menor o aumento de pressão arterial em resposta à alimentação rica em sódio.

“Quem realiza poucas atividades físicas terá um maior aumento de pressão arterial se a ingestão de sódio também for aumentada”, disse o Dr. Jiang He, chefe do departamento de epidemiologia da Escola de Saúde Pública e Medicina Tropical da Universidade Tulane, de Nova Orleans, e um dos autores do estudo.


“Estou um pouco surpreso. Este é o primeiro estudo a analisar, especificamente, a associação entre atividade física, sensibilidade ao sal e pressão arterial. Mas, depois de analisá-lo, acredito que ele faz sentido, pois já é sabido que a atividade física reduz a pressão arterial”, disse ele.

A hipertensão é uma das principais causas do AVC. Devido à associação entre sal e hipertensão, a associação americana recomenda o consumo inferior a 1.500mg diários de sódio.

Para avaliar a possível associação entre exercícios físicos, sal e hipertensão, os pesquisadores se concentraram em aproximadamente 1.900 homens e mulheres (com idade média de 38 anos), moradores de áreas rurais do norte da China. Nenhum deles tomou medicamentos para pressão durante o estudo.

Durante uma semana, os participantes ingeriram 3.000 mg diários de sódio na alimentação. Em outra semana, eles seguiram uma dieta rica em sódio – 18.000mg diários. A pressão arterial foi aferida nove vezes por semana e os participantes responderam a questionários para avaliar os níveis de atividades físicas dos mesmos – categorizados de “muito ativos” a “bastante sedentários”.


Quando a dieta com alto nível de sódio foi iniciada, aqueles que passaram por um aumento superior a 5% da pressão arterial sistólica (medida das contrações cardíacas representada pelo resultado mais alto nas aferições de pressão arterial) foram classificados como “altamente sensíveis ao sal”. O grupo mais fisicamente ativo apresentou risco 38% menor de desenvolver alta sensibilidade ao sal. Este grupo mostrou a menor propensão a apresentar um aumento superior a 5% da pressão arterial em resposta a uma dieta rica em sódio.
Leia mais sobre hipertensão
Comparado ao mais sedentário, o segundo grupo mais fisicamente ativo apresentou uma redução de 17% do risco de sensibilidade ao sal, enquanto que o segundo mais sedentário apresentou uma diminuição de 10% no risco. A equipe concluiu que as atividades físicas exercem um impacto significante, independente e progressivamente benéfico à saúde na relação sensibilidade ao sal e pressão arterial.

Os autores concordam que o estudo deve ser repetido. Além disso, especialistas ressaltam que pesquisas apresentadas em encontros médicos não passaram pelo mesmo tipo de avaliações rigorosas que antecedem a publicação das mesmas em periódicos médicos – o estudo foi apresentado durante o encontro da Associação Americana do Coração, em Atlanta (EUA), cujo tema foi nutrição, atividades físicas e doenças cardiovasculares.

Entretanto, “não existem razões para acreditar que estas descobertas não serão aplicadas à população americana. Os fatores de estresse relacionados à hipertensão são os mesmos para os chineses e para os americanos”, disse He.

“Por isso, a mensagem essencial do estudo é que, primeiramente, precisamos encorajar a população a diminuir a ingestão de sódio e aumentar as atividades físicas”, ele complementou. Aqueles que não podem aumentar a quantidade de exercícios físicos, talvez devido à idade, devem ser estimulados a seguir uma alimentação com baixo teor de sódio, “pois o sal tem um efeito acentuado sobre a pressão arterial”, ele complementou.
Vai malhar? Leia antes
A nutricionista Lona Sandon, professora de nutrição clínica do Centro Médico da Universidade do Texas, disse que as descobertas destacam alguns dos benefícios já conhecidos dos exercícios regulares.
“Mesmo sem entender o mecanismo de funcionamento, sabemos bem que as pessoas que se exercitam regularmente têm vasos sanguíneos mais saudáveis. Os vasos são como os músculos. Se realizamos atividades cardiovasculares, eles se tornam mais flexíveis e respondem melhor às mudanças do volume e da pressão sanguínea”, ela explicou.

Sandon diz que as razões disso ainda devem ser exploradas. “Uma explicação pode ser que as pessoas mais ativas fisicamente eliminem maior quantidade de sal na transpiração. Ou talvez as atividades físicas enviem um tipo de mensagem fisiológica diferente ao corpo para excretar o sódio. Ou ainda, pode ser que os exercícios despertem um mecanismo que leva ao relaxamento das veias. Para compreender qual delas é a razão, serão necessários estudos complementares”, disse ela.
* Por Alan Mozes

Impotência dá alerta sobre infarto futuro

Disfunção erétil pode ser primeiro sinal de que coração está doente

Chris Bertelli, iG São Paulo

Foto: Getty Images
Disfunção erétil é reversível e pode indicar problemas graves

A dificuldade para ter ou manter uma ereção para uma atividade sexual satisfatória atinge aproximadamente 50% dos homens com mais de 40 anos, em maior ou menor grau, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia.

O problema, um dos três maiores inimigos do homem, não é parte natural do envelhecimento e deve ser investigado.

A disfunção pode ser o alerta inicial de que o coração não está saudável. Quando há acúmulos de placas de gordura nas artérias, elas endurecem e ficam mais finas, limitando a passagem do sangue.

“A artéria que leva sangue ao pênis tem um calibre menor do que as demais. Quando não há circulação adequada, o sangue chega em menor quantidade ao órgão e o paciente apresenta a disfunção”, relata o urologista Carlos Sacomani, do Hospital Samaritano, em São Paulo. O problema aparece de três a quatro anos antes das doenças coronarianas.

De acordo com um estudo conduzido pelo cardiologista alemão Michael Bohm e publicado pela American Heart Association (Associação Americana do Coração), a ereção deficiente pode ser um dos sintomas iniciais da arterosclerose, que pode favorecer o surgimento de outras doenças cardíacas além do infarto.

Foram avaliados 1.519 pacientes de 13 países. O pesquisador identificou que homens com impotência estavam quase duas vezes mais propensos a ter um ataque cardíaco e tinham 20% mais chances de serem hospitalizados por falência renal. Eles também apresentaram um risco 10% maior de acidente vascular cerebral (AVC) em comparação com homens que não apresentavam o problema. Os riscos aumentavam de acordo com a severidade da disfunção apresentada.
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As principais causas

Mas a falha na vascularização é apenas uma das causas que levam à impotência. Além dela, os médicos destacam também as questões psicológicas e outras razões orgânicas, como colesterol alto, hipertensão, diabetes, trauma na medula ou a utilização de medicamentos como anti-hipertensivos e antidepressivos. Em geral, nos mais jovens predominam as causas psicológicas. A partir dos 60 anos, 60% das causas são orgânicas e 40% psicológicas, revela Sacomani.

“Em geral, o problema tem várias causas. O distúrbio androgênico do envelhecimento masculino, por exemplo, uma queda hormonal inerente à idade que começa a dar sinais a partir dos 40 anos, pode ser um desses sintomas”, diz André Guilherme Cavalcanti, diretor do Centro Integrado de Saúde do Homem, no Rio de Janeiro. Agravado por um quadro de obesidade ou colesterol alto pode ser a combinação perfeita para o aparecimento da disfunção erétil.

O primeiro passo, segundo os médicos, é observar a idade do paciente. Antes dos 40 anos, a maioria costuma ter alterações por problemas psicológicos. Estresse, depressão, receio de não satisfazer a parceira ou ansiedade – todos esses podem ser prejudiciais e afetar o rendimento.

“Uma grande descarga de adrenalina na corrente sanguínea nesse momento pode comprometer o funcionamento correto do órgão”, afirma Sacomani.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, o diagnóstico é clínico, mas é importante realizar exames de dosagem de testosterona, glicose e colesterol.

Tratamentos

É essencial vencer a barreira da timidez e do preconceito e procurar um urologista. A escolha do melhor tratamento passa por uma boa conversa entre médico e paciente e pode ser tão simples quanto adotar novos hábitos de vida ou tomar um comprimido. Exercícios, perda de peso e redução do cigarro são atitudes que podem ajudar, dependendo da causa da impotência.
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Se não houver melhora, a medicação (os chamados inibidores de fosfodesterase como o Viagra, Levitra e Cialis) é indicada. Outra opção é injetar no pênis uma substância que provoca a ereção.

“Há o desconforto já que é preciso aplicar no início de toda relação sexual”, avalia Sacomani. A última alternativa é a prótese peniana, recomendada apenas para casos em que as demais saídas não funcionaram. A prótese é permanente e pode ter complicações graves como infecções ou rejeições.

terça-feira, 29 de março de 2011

Academias da Terceira Idade: o paliativo perigoso

Sem orientação médica, aparelhos instalados em parques e praças brasileiras além de pouco eficazes, podem comprometer à saúde

Lívia Machado, iG São Paulo

Foto: David Santos Jr / Fotoarena
Um dos mais concorridos aparelhos, o simulador de
caminhada, não é recomendado para qualquer pessoa

Práticos, simples e democráticos. Os aparelhos de ginástica que proliferam pelas praças e parques Brasil são, em grande parte, resultados de iniciativas que aliam o público ao privado na idéia de promover a saúde sem muito esforço.

Na teoria, a proposta de combater o sedentarismo em praça pública é tão boa que algumas fabricantes dos aparelhos bancam o trocadilho “Quem vai para ATI (Academia da Terceira Idade) não vai para UTI (Unidade de Tratamento Intensivo)”.

Menos segmentadas do que pretendiam ser, as ATIs – também chamadas de Academias ao Ar Livre – estão presentes em mais de mil cidades brasileiras e atraem públicos variados e de diferentes classes sociais. De crianças dispostas a fazer do espaço um parque de diversões, a idosos em busca de uma alternativa para combater o sedentarismo tão típico do envelhecimento.

Embora o equipamento não tenha, inicialmente, nenhuma contraindicação, o uso só trará benefícios se a atividade for feita após uma avaliação médica e mediante orientação de um profissional, defendem os especialistas no assunto.

“Implementar aparelhos sem oferecer apoio e orientação à população é um disparate. Não se promove saúde nem se consegue resultados se o exercício não for feito corretamente, seguindo uma série adequada para cada individuo e após avaliação médica”, alerta Flavio Delmanto, presidente do Conselho Regional de Educação Física.

Fila para malhar

Na academia instalada na Praça Irmaõs Karmann, na zona oeste de São Paulo, implementada pelo Hospital Samaritando em parceria com a subprefeitura da cidade, alguns aparelhos, como o simulador de caminhada, são muito cobiçados. Nas manhãs quentes, Ana Claúdia Menezes, 37, revela que a disputa é grande. “É preciso esperar mais de 20 minutos para usar. No verão, a praça fica sempre cheia”.

Embora avalie positivamente o espaço gratuito para se exercitar, a dona de casa admite que elabora um circuito pelos seis aparelhos instalados da forma que julga mais benéfica para si. Como deseja perder peso, Ana acredita que deve ficar bastante tempo nos aparelhos e fazer quantas repetições o corpo permitir para obter os resultados desejados na balança. O autodidatismo, de fato, é imperativo nos frequentadores desses espaços.

“Meu trabalho exige que eu fique muito tempo parado, por isso, comecei a me exercitar. Gasto, em média, 10 minutos em cada aparelho. Acho que é um bom tempo para estimular o corpo e ganhar massa muscular”, explica o vigilante Gilberto, 39 anos, que começou a fazer uso do espaço há 20 dias.

A falta de orientação adequada fará com que a série dele, no mínimo, não dê resultados, explica o professor Delmanto.

Academia ou parquinho?

Helena Chapiz, de sete anos, gosta de usar os aparelhos após a aula de natação. Por sentir-se gorda (a menina é magérrima), acha importante fazer exercícios físicos. “Uso todos que consigo alcançar e faço o numero de repetições que eu aguento.” A brincadeira de exercícios é acompanhada pela babá, que diverte-se assistindo ao 'treino’.
Foto: David Santos Jr / Fotoarena
Sem informação sobre o limite de peso, aparelhos são facilmente danificados

Os limites

A democracia do espaço também tem seu preço. Segundo a socióloga Maria do Carmo Machado, 48, alguns aparelhos já foram danificados por excesso de peso dos usuários. Nenhum dos seis equipamentos da Praça Irmãos Karmann tem uma placa informativa sobre a capacidade máxima permitida. Todos, porém, recomendam ao usuário procurar um médico antes de inicar as atividades.

A manuntenção dos equipamentos é bem aquém do esperado. Os usuários revelam que a média de tempo para substituir ou consertar é de aproximadamente dois meses.

O foco na terceira idade não pressupõe que todos os idosos estejam aptos a usar tais equipamentos. Mais consciente das limitações do próprio corpo, Eny Elza Ceotto, 74, sabe que não pode se exercitar em alguns aparelhos. Para ela, que tem a perna direita atrofiada por conta de uma poliomielite, o simulador de caminhada é equipamento proibido.

“Tenho problema com equilíbrio e não consigo forçar minhas pernas. Faço apenas alguns exercícios para fortalecer a musculatura. Costumo fazer duas séries de 50" conta.

O disputado simulador de caminhada é contraindicado para a maioria dos idosos. Dois pedais sustentam as pernas a quase 10 centímetros do chão. Um pequeno desequilíbrio pode resultar em queda, e provocar uma lesão séria na bacia, exemplifica Delmanto.

“Além do risco de queda, qualquer atividade cardiovascular, sem orientação, elava as chances de infarto em pessoas hipertensas”, alerta o presidente do CREF.

Mal não faz?

Isabel Salles, fisiatra e coordenadora do Centro de Reabilitação do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, explica que tais espaços são bons estimulantes da atividade física mas não promovem refinamento do condicionamento físico, apenas colocam o corpo em atividade. Os riscos de lesão na coluna e nas articulações são baixos, mas nem sempre as pessoas sabem reconhecer, sozinhas, os próprios limites.

“Nesses parques, o equipamento não oferece resistência. São propostos apenas exercícios de flexibilidade, equilíbrio, ou aeróbicos. Para obter resultados em termos de saúde, é fundamental aumentar o tempo de uso do aparelho, investir na frequência.”

A utilidade do acesso esbarra na falta de orientação quanto ao uso. Segundo a fisiatra, não existem receitas universais capazes de modelar ou afinar todo e qualquer corpo. O exercício físico é essencialmente especializado, direcionado. Embora os aparelhos sejam interessantes, sem o direcionamento de um treino o indivíduo pode ter resultados iniciais, mas será difícil evoluir.

Arnaldo Hernandes, chefe do departamento de medicina do esporte do Hospital das Clinicas de São Paulo, avalia como positiva as ações que tenham como objetivo combater o sedentarismo da população brasileira, mas rechaça ações limitadas ao acesso.

“É similar a dar um carro a uma pessoa que não sabe dirigir. Fazer o uso de praças para estimular a pratica de exercícios é positivo, mas pode ser uma arma se tal projeto não for feito com, no mínimo, um profissional que faça, uma vez por semana, um questionário prévio para detectar fatores de risco, orientar os usuários.”
Na visão do médico, o ideal seria que um professor de educação física estivesse presente nesses locais ao menos uma vez por semana. Uma saída, aponta Hernandes, seria associar tais iniciativas ao Programa de Saúde da Família.

“Seria interessante incorporar um educador físico a essas equipes. Eles seriam responsáveis por prestar esse atendimento à população”, sugere Hernandes.

Enquanto a promoção da saúde se limitar ao paliativo, Delmanto defende que a prática de atividades físicas por conta própria seja substituída por uma consulta médica.

“Antes de usar tais aparelhos ou simplesmente começar a caminhar em uma avenida, é preciso buscar orientação de um médico ou profissional da área.”

segunda-feira, 28 de março de 2011

O lado bom do jiló

Alimento combate o mau hálito, protege o coração e ajuda a emagrecer. Veja motivos para encarar o amargo com gosto

Lívia Machado, iG São Paulo

Foto: iG
Trinca de beneficios minimiza o gosto amargo do jiló

Ele faz franzir a testa e provoca cara feia, mesmo quando está somente na imaginação. Encarar o amargo do jiló, porém, faz bem ao coração, combate o mau hálito e ainda ajuda a perder peso.

Embora pertença a mesma família que o pimentão e a berinjela, o jiló é um fruto, e não legume, como seus primos. É concentrado em vitaminas A, do complexo B e C. Contem minerais, cálcio, ferro e magnésio, mas seu potencial reverenciado é no combate ao colesterol e à halitose.

Seus compostos bioquímicos, denominados flavonóides, são antioxidantes, ou seja, protegem as artérias, impedindo que o colesterol – gordura ruim – seja aderido. “É um alimento poderoso para a manutenção da saúde do coração”, defende Daniela Jobst, nutricionista, dona da clínica NutriJobst, em São Paulo.

Na dieta, ele ajuda a combater a vontade de comer, sensação quase incontrolável nos mais ansiosos. O valor calórico baixo, 40 calorias em 100 gramas, permite que o jiló seja consumido sem pesar na consciência. Com uma grande quantidade de água na composição, é um aliado do regime, pois promove saciedade. 

Entretanto, para ter resultados na balança e na saúde, ele deve ser incorporado à dieta. O gosto amargo precisa fazer parte da refeição ao menos uma vez por semana. “Os benefícios desses alimentos só serão sentidos quando ingeridos com frequência. Não vale comer apenas esporadicamente. Uma ou duas vezes por semana é o ideal”, indica Daniela.

De acordo com o novo guia de orientações contra a obesidade, metade do prato deve incluir legumes, vegetais e frutos, especialmente os coloridos (verde-escuros, vermelhos e laranjas).

Para quem gostou do valor agregado, mas não consegue desfazer a careta, a nutricionista indica que transforme o fruto em farinha. Triturar e fazer dele uma farofa é uma boa alternativa para consumi-lo sem dor.

“Como uma farofa, ele pode ser associado a diversos alimentos, minimizando o sabor marcante. Duas colheres de sopa por semana já são suficientes para garantir seus benefícios. Refogá-lo no azeite e na mateiga também deixa o alimento fácil de comer.”

Cortar o jiló em quatro partes e deixá-lo de molho na água com sal por 15 minutos ajuda a reduzir o amargor. Embora difícil de engolir, o sabor repulsivo do jiló também tem seu valor. Segundo Daniela, o amargo estimula a salivação e tem uma ação bactericida na boca. O processo promove limpeza bucal e o hálito saudável.

sábado, 26 de março de 2011

Fugir de conflitos pode causar prejuízos

Evitar discussões ou brigas de maneira crônica pode ter sérias consequências a longo prazo, como surtos de raiva

Cauê Muraro, especial para o iG

Faz algumas semanas que Casey Heynes ganhou notoriedade: o australiano de 15 anos de idade é protagonista de um vídeo amador que vem circulando na internet e contabiliza centenas de milhares de acessos. Nas imagens, ele está no pátio do colégio quando toma um soco no rosto. O agressor, outro garoto, segue com os golpes, provoca. E então, num ímpeto, Casey suspende ao ar o colega de escola e o arremessa contra o chão, com fúria. O agressor inicial levanta-se cambaleante e desnorteado, enquanto Casey se afasta.

Veja o vídeo:

Já na fase posterior à fama repentina, ele explicou num programa de tevê que vinha sendo vítima de bullying havia três anos. Faziam troça de seu sobrepeso. Jamais reagira, e chegou mesmo a considerar suicídio, em suas próprias palavras. Até que veio o tal ataque furioso.

No caso (extremo) de Casey, há diversos componentes envolvidos no episódio: a reação ao vexame recorrente a que estava exposto, o sentimento acumulado por longo período etc. Mas, em alguma medida, pode-se especular que ocorreu um surto de raiva, que é uma das decorrências possíveis da opção por evitar conflitos a todo e qualquer custo.

Ao se falar em “conflitos”, agora, devem ser consideradas as discussões naturais, as trocas verbais, trocas de ideias – e nada de tomar isso como sinônimo de embate físico. Ocorre que há pessoas que fazem de tudo para escapar dessas situações. Evitam tanto quanto lhes for permitido, e tal postura periga provocar danos.
Foto: Getty Images Ampliar
Muitos evitam discussões por medo de serem rejeitados

“Se você não coloca essa energia no lugar adequado, ela vai se expressar de alguma outra forma. Pode ser no físico (alguma doença) e pode ser no emocional (de maneira concreta, nos aspectos interpessoais, nos relacionamentos)”, aponta o psicólogo Lucio Guilherme Ferracini, diretor de ensino e ciências da ABPS (Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama). Segundo ele, o indivíduo absolutamente avesso à discussão, em casos mais sérios, se isola, tem alteração prejudicial dos vínculos e sua produtividade diminui.

Para ‘não perder a amizade’
O coordenador de logística Hugo Fonseca Garcia, 34, de Belo Horizonte (MG), conta que sua maneira “pacífica” tem reflexos em todos os campos de sua vida e que já se sentiu prejudicado por diversas vezes. “Eu estive num relacionamento em que fui taxado até como ‘político’. Ela me perguntava: ‘Por que você é desse jeito, por que você não discute?’. Sem contar que a gente fica querendo soltar e também fica engolindo aquilo ali”, recorda. “Sofre por dentro de alguma maneira, e pode até descontar em outra coisa que não tem nada a ver.”

A despeito desses efeitos negativos, ele diz que gosta de ser assim e julga que os benefícios superam os problemas. Inclusive no emprego, em que ocupa uma posição que muitas vezes faz a ponte entre diretoria e operários. “É uma empresa italiana, a maioria discute, tem conflito. Já fui cobrado de ser mais assertivo, mas entendem meu jeito. E não quer dizer que eu não tenha opinião forte. O que eu faço é mostrar minha opinião de modo diferente.”

Observa, no entanto, que carrega alguns arrependimentos das brigas que “não comprou”, como aquela em que, tempos atrás, colocado contra a parede por um casal de amigos, optou por não tomar partido. “Fui omisso, para não perder a amizade. Deveria ter agido de outra forma”, assegura.


A exemplo de Hugo Garcia, o consultor empresarial Eduardo Eiji Vargas Kuwabara, 29, de São Bernardo do Campo (SP), afirma que sempre se esquivou das brigas. “Imagino que, em algumas situações, se eu tivesse tido uma postura mais enérgica, não teria sido afetado. Quando a pessoa percebe que você fica na defensiva, acaba abusando.” Refere-se, sobretudo, à época da escola.

Ele acha que, no momento atual, é necessário mais cuidado: “Hoje, vejo até um pouco como uma falha mesmo, principalmente na vida adulta. Não é bom ser 100% passivo, evitar o confronto. Tenho me policiado em certas situações, para tomar posição. Mas, ainda que queira adotar essa postura, é muito difícil para mim. Tenho um perfil muito mais conciliador, diplomático”.

Lidar com as diferenças
O psicanalista Ernesto Duvidovich, diretor do CEP (Centro de Estudos Psicanalíticos), entende que não há uma fórmula capaz de dizer quando vale a pena comprar uma briga. Depende da pessoa, da circunstância de vida de cada indivíduo. É matéria relativa, portanto, de acordo com a sua compreensão. As intensidades dos sentimentos variam de sujeito para sujeito. Ademais, vínculos e relações passam necessariamente por discussões, necessárias à saúde física e mental.

Entretanto, ele fala em “patologias de conflito”. “A falta total de conflito é a pior delas, se é definitiva, se é algo que predomina. É uma condição interna que precisa de tratamento, porque vai dificultar muito a vida do sujeito. Poderá adoecê-lo, e vai atrapalhar seu desempenho, tanto pessoal quanto profissional”, avalia.

Como exemplo típico, ele cita as discórdias entre casais. Existem, obviamente, os que não conhecem momentos de harmonia, de encontro – estes estariam com o tipo inverso de patologia. Mas aqueles que não têm nenhum conflito estão estagnados, não crescem e acabam estabelecendo uma relação “infantilizante”.

“Inclui-se, aí, uma questão fundamental, muito mais sutil: saber lidar com diferenças. Alguém que cronicamente se apaga ante qualquer diferença, que escolhe não confrontar em qualquer ordem, está incapaz de lidar com divergências. Tem a fantasia de que o outro nunca vai admitir uma diferença, é algo que ele projeta no outro. Ele não sabe lidar com a situação e supõe que ninguém saiba.”

Medo de ser rejeitado
O psicólogo Lucio Guilherme Ferracini ressalva que a pessoa que apresenta tal característica é costumeiramente vista como generosa. E tem medo de magoar, de provocar qualquer rejeição. No fundo, porém, ela talvez se afaste do enfrentamento para não perder a posição de bem vista, bem quista. “O preço que ela paga está numa balança desigual, pendendo mais para o sofrimento”, pondera.

Para Ernesto Duvidovich, o mal-estar, em si, não é patológico. Em relação a sentimentos íntimos, as pessoas podem viver arrependimentos, viver a culpa por tomar parte em entreveros, por expressar descontentamento, por não expressar. “O mal-estar faz parte do sujeito. A modernidade cria uma imagem de subjetividade induzindo algo como ‘você tem que ser feliz!’, e isso significaria não ter conflito, nada de brigas. Esse ideal subjetivo gera muitas inibições”.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Entenda como o bullying pode mudar a vida do seu filho

Conheça os casos de duas pessoas que enfrentaram o assédio violento dos colegas e entenda as sequelas enfrentadas pelas vítimas

Renata Losso, especial para o iG São Paulo

Foto: Arquivo pessoal Ampliar
Dannyrooh com o pé quebrado: escola anterior se omitiu

Dannyrooh tem 10 anos e sofre de miastenia grave, doença crônica que provoca fraqueza muscular e fadiga em resposta a esforços físicos. Por isso, ele não pode participar das aulas de educação física na escola. Mas alguns de seus colegas de classe não entenderam o problema e no início da 4ª série Dannyrooh começou a ser vítima de bullying. “Todos os dias o chamavam de ‘menininha’, ‘fracote’, até que começaram a bater nele”, diz a mãe Josecleia de Oliveira, autônoma. Não era à toa que o menino andava tão diferente e desanimado antes de Josecleia descobrir o problema.

Leia também:- Bullying não se resolve com violência
- Entrevista com Ana Beatriz Barbosa, autora de "Bullying: Mentes Perigosas nas Escolas"
- Como lidar com um filho que pratica bullying

“Durante a noite, eu percebia que ele chorava. Quando eu perguntava qual era o problema, ele dizia ter tido um pesadelo. Mas pesadelo todos os dias?”, questionou a mãe. Depois de três meses aguentando a barra sozinho, Dannyrooh finalmente falou sobre o bullying. Mas a escola em que o menino estudava, em Curitiba, no Paraná, não se mostrou muito disposta a resolver o caso. Hoje ele cursa a 5ª série em outra escola. E recentemente ganhou um pé quebrado por causa de um menino que o bateu. “De novo, meu filho ficou com medo de voltar à escola”, conta ela.

Omissão escolar

Ao saber que o filho tinha apanhado de outras crianças, Josecleia imediatamente procurou a escola. Ouviu da pedagoga que aquilo “não acontecia por maldade”. Na segunda vez, aconteceu na saída. “Disseram que fora da escola nada podia ser feito, já não era mais problema deles”, relembra. Foi o estopim. Josecleia chegou ao ponto de entrar na escola e ameaçar toda a sala de aula do filho. “Errei, mas eu estava sofrendo tanto que cheguei a um estágio inimaginável”, explica.

Ao final do ano, Josecleia procurou uma nova escola. Conversou com a diretora e ela garantiu que as crianças praticantes do bullying não seriam aceitas ali. O comprometimento escolar, obtido pela cobrança e atuação da mãe, teve efeito. Dannyrooh hoje tem vários amigos e sua vida melhorou bastante: “Eu ficava muito aborrecido, não brincava com ninguém e me odiavam. Agora não”. Ele afirma, com toda certeza, que ninguém merece passar pelo mesmo que ele.

Para o psicólogo e terapeuta familiar João David Cavallazzi Mendonça, a história de Dannyrooh ressalta o problema das escolas em lidar com o bullying. “Uma instituição jogou o bullying para debaixo do tapete, a outra inibiu. Mas só isso não adianta. O bullying pode ser criado a qualquer momento”, afirma. A atenção dos pais, que não faltou para o garoto, não é menos importante. “Expressar o afeto pela criança e reforçar as qualidades dela pode ajudá-la muito a se blindar contra o peso do assédio”, diz João David.
Foto: Renata Losso Ampliar
Samantha: coragem para falar só 10 anos depois

10 anos depois

A artista plástica Samantha Reis, hoje com 29 anos, começou a sofrer bullying na pré-adolescência. Por vergonha e falta de coragem, não foi capaz de contar aos pais o que acontecia na escola. “Você só tem coragem de falar 10 anos depois”, afirma.

Aos 10 anos, mesma idade de Dannyrooh, ela começou a enfrentar a maldade dos colegas de sala. “Eu tinha tudo para não ser aceita: usava óculos de fundo de garrafa, aparelho, era gorda”, conta. Ao chegar ao colegial, Samantha passou a fazer aulas de teatro e cursou magistério, assim seu horário de saída seria diferente das outras classes e ela não teria de enfrentar o momento de maior vulnerabilidade, quando todos os alunos estão fora das salas e mais longe dos olhos dos professores.

Ainda assim, certo dia ela seguia em direção à saída quando um grande grupo de colegiais começou a sair de suas classes. “Eles se uniram e começaram a me xingar”, conta. “Foi uma coisa de filme norte-americano. Mas contei com a ajuda de um menino popular da escola, que deu uma de super-homem”, completa. Os dois se conheceram nas aulas de teatro e o garoto enfrentou o grupo de “bullies”, dizendo que ninguém a conhecia para falar com ela daquela maneira. “Ele tinha se permitido conhecer uma pessoa diferente”, avalia.

Para a Samantha daquela época, contar aos pais que era rejeitada por causa de sua aparência parecia completamente absurdo. “Eu sempre fui criada para sublimar a questão da aparência. Isso não era importante”, diz. O teatro ajudou a criar um pouco de autoconfiança, mas ela assume que até hoje tem a autoestima abalada pelo bullying sofrido na adolescência. “Eu ainda tenho medo de assumir que não sei algo a respeito de um assunto, porque o que me segurava na escola era ser inteligente”, conta. Mas o tempo também deu a ela alguma tranquilidade em relação ao passado. “Ao entrar na faculdade, comecei a ver que o mundo era diferente daquilo”.

De acordo com o terapeuta João David, os pais poderiam ter desempenhado um papel determinante se soubessem o que acontecia. “A criança não tem a percepção mais ampla, do adulto ou da escola, sobre o caso, e pode ficar fragilizada”, diz. Embora Samantha não tenha conversado com os pais, eles sempre foram muito presentes em sua vida. Isso pode ter impedido que ela oprimisse algumas características de sua personalidade. “Se não encontra um ambiente favorável em casa, a criança pode acabar se fechando ainda mais”, diz o terapeuta.

Escola, casa e internet

Samantha fica contente por não ter passado por estes apuros em uma época de popularização da internet, como hoje. “Quando eu saía da escola, o bullying acabava. Dentro de casa eu estava segura”, diz. Mas a rede, até hoje acusada de perpetrar e intensificar as perseguições, teve papel oposto no recente caso do garoto australiano Casey Heynes, de 15 anos, que reagiu ao assédio constante de um colega de escola jogando-o contra o chão. Para João David, o bullying não deve ser resolvido com violência, como aconteceu com Casey. Mas não se pode negar que a web salvou o adolescente ao quebrar o silêncio em torno do problema sofrido por ele. “A internet também pode servir para uma reflexão a respeito do bullying”, afirma.

Exercícios físicos melhoram raciocínio matemático de crianças com sobrepeso

Segundo pesquisa norte-americana, prática de atividade física por crianças acima do peso aumenta atividade cerebral

New York Times | IG

Foto: Getty Images Ampliar
Brincadeiras que colocam o corpo em movimento melhoraram o rendimento das crianças

Quando crianças sedentárias e com quilos em excesso começam a se exercitar regularmente elas melhoram a habilidade de pensar, planejar e mesmo de resolver questões matemáticas. É o que mostra um novo estudo americano.

Testes de ressonância magnética revelaram que a prática de exercícios também foi relacionada ao aumento de atividade em regiões cerebrais associadas ao pensamento complexo e ao autocontrole.

“Isso quer dizer que o comportamento sedentário crônico compromete as habilidades e conquistas da criança”, disse Catherine Davis, psicóloga clínica do Instituto de Prevenção da Universidade de Ciências da Saúde da Geórgia e autora do estudo. “Sabemos que os exercícios fazem bem para a saúde, mas até então não tínhamos evidências suficientes de que os mesmos ajudariam também no desempenho escolar”, disse a pesquisadora.

Mesmo que o estudo tenha sido realizado com crianças acima do peso, a psicóloga acredita que resultados semelhantes seriam observados em crianças com peso normal.

Ambiental e biológico

Davis supõe que as mudanças positivas são resultado de uma combinação de fatores ambientais e biológicos. “Alguns fatores de crescimento neural foram identificados em camundongos que realizam exercícios físicos”, disse ela. Tais benefícios podem incluir mais células cerebrais e mais conexões entre elas.

Ela ressaltou, porém, que existem também os fatores ambientais e sociais. “A estimulação é maior quando as coisas estão se movendo rapidamente e quando nós estamos nos movimentando. Então, movimentar-se é estimulante também em termos cognitivos”, disse Davis.

Com um terço das crianças norte-americanas acima do peso, Davis acredita que a prática de exercícios deveria se tornar parte essencial da vida das crianças. “Os pais devem certificar-se de que seus filhos têm uma vida equilibrada – tanto em relação ao estudo como também aprendendo a cuidar bem do próprio corpo”, disse ela.

O relatório foi publicado na edição de janeiro da revista especializada “Health Psychology”.

Metodologia

Participaram do estudo 171 crianças acima do peso, com idades de 7 a 11 anos, divididos aleatoriamente em três grupos. Os dois primeiros realizaram 20 ou 40 minutos de exercícios vigorosos diariamente após as aulas, enquanto que o terceiro não realizou exercícios. Ao invés de competição e habilidade, o programa de exercícios foi focado em diversão e segurança, incluindo atividades como corridas, pular corda e bambolê

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Os pesquisadores constataram que o aumento máximo da frequência cardíaca atingida pelos participantes durante as atividades foi de 79%, o que representa uma prática vigorosa. As crianças foram avaliadas através dos testes conhecidos como Bateria de Habilidades Cognitivas Woodcock-Johnson III. Algumas crianças também passaram por exames de ressonância magnética cerebral.

Estes exames mostraram que as crianças que se exercitavam passavam por um aumento de atividade na região cerebral responsável pelas funções executivas – associadas ao autocontrole, ao planejamento, ao raciocínio e à abstração – assim como no córtex pré-frontal. Este último está relacionado ao pensamento complexo e ao comportamento social correto, ressaltaram os pesquisadores.

Foi também observada uma queda de atividade na região cerebral anterior ao córtex pré-frontal. A mudança parece estar ligada ao desenvolvimento mais rápido das habilidades cognitivas, disse Davis.

Além disso, quanto mais as crianças se exercitavam, mais alto era o resultado nos testes de inteligência. Um aumento médio de 3.8 pontos nos resultados das habilidades de planejamento cognitivo foi observado em crianças que se exercitavam por 40 minutos diários durante três meses, constataram os pesquisadores. As crianças que se exercitavam durante 20 minutos diários obtiveram ganhos inferiores.

Foi também observada uma melhora nas habilidades matemáticas, enquanto que a habilidade de leitura não teve alteração. “A descoberta sobre o aprimoramento do pensamento matemático é extraordinária, já que não foram disponibilizadas quaisquer instruções acadêmicas, além de sugerir que um período de intervenção mais longo pode resultar em maiores benefícios”, disseram os pesquisadores.

A nutricionista e psicóloga Samantha Keller comentou o estudo: “Ponha um grupo de crianças ao ar livre, dê a elas algumas bolas, cordas para pular e uma caixa de giz e em poucos minutos elas vão estar correndo, pulando e jogando amarelinha”.

Ela diz que assim as crianças ficam mais felizes, mais ativas e mais espertas.
“O organismo das crianças sabe intuitivamente que os exercícios são essenciais para a saúde e funcionamento do cérebro. Mas, quando lhes negamos seus instintos naturais e permitimos que elas se entorpeçam diante da TV ou do computador, elas se tornam letárgicas e mal-humoradas”, disse Heller, complementando que crianças sedentárias também estão propensas ao excesso de peso e a um desempenho escolar insatisfatório.

“A meu ver, é bastante simples perceber que, para ter boa saúde cerebral, as crianças devem ser estimuladas a participar de atividades físicas, tendo também o tempo e o local apropriado para tal.

Precisamos desligar os computadores, as TVs, os celulares e os iPads e deixar as crianças fazer o que elas já fazem naturalmente: correr e brincar”, Heller concluiu.

(Tradução: Claudia Batista Arantes)

quinta-feira, 24 de março de 2011

Duas mulheres jovens são internadas por dia vítimas de infarto

Genética, cigarro e anticoncepcional fizeram Ana Carina Perez infartar aos 31 anos. Ela tinha 1% de chance e sobreviveu

Lívia Machado, iG São Paulo

Foto: Edu Cesar/Fotoarena
Infarto de Ana Carina Perez, aos 31 anos, é um alerta às mulheres jovens


Segundo levantamento feito pelo iG Saúde no banco virtual do Ministério da Saúde, de 2008 a 2010, em média, duas mulheres de 20 a 39 anos são internadas por dia vítimas de infarto. Para tal faixa etária, a dobradinha entre pílula e cigarro, associada à pré-disposição genética, são os principais gatilhos da doença.

Ana Carina Perez deu entrada no hospital Santa Catarina, na zona sul de São Paulo, no dia 3 de março deste ano com a expectativa de vida reduzida a uma estatística trágica: apenas 1% de chance de sobrevivência, número revelado pelo plantonista que a socorreu. Aos 31 anos, a dona de um famoso bar na Vila Mariana, na zona sul da capital, tinha sofrido um infarto. A artéria principal do coração ficou obstruída por um coágulo, impedindo a passagem do sangue.

No inconsciente coletivo, 1% é praticamente nada, quase zero. O pessimismo involuntário da estatística, quando invade a medicina, é ainda mais assustador. Na contramão da probabilidade, porém, algumas histórias de quase morte sobrevivem e resultam em alerta, trazendo à tona velhas e bombásticas combinações que podem ser fatais à saúde da mulher jovem.

Em um dia normal de trabalho, Ana Carina começou a sentir uma forte dor nos ombros. Inicialmente, achou que tivesse apenas sofrido uma leve torção, mau jeito, após um movimento brusco. Em seguida, além da dor, passou a ter fraqueza e tontura.

“Já passava das 14 horas, eu tinha acabado de apagar um cigarro, e estava sem comer desde o café da manhã.” O diagnóstico caseiro de pressão baixa a fez comer uma azeitona na tentativa de solucionar o desconforto.

Pouco tempo depois, aos sintomas somava-se a forte dor no peito e a confirmação do infarto. Em menos de 20 minutos depois de dar entrada na emergência do hospital, ela já estava no que define como “salinha do terror”, local onde foi preparada antes de ser encaminhada ao centro cirúrgico para fazer um cateterismo.

“Ouvi o médico falar que eu não tinha tempo, era preciso correr. Nessa sala, foi tudo muito rápido, eu tentava ajudar a tirar a minha roupa, o brinco, mas não podia fazer esforço algum. Só tomava bronca por me mexer. Estava encharcada de suor, chorava descontroladamente e até me despedi do meu pai.”

Carina recebeu apenas a anestesia local e assistiu ao procedimento pelo monitor da sala de cirurgia. Na opinião da paciente, foi a melhor maneira de se assegurar de que permaneceria viva.

"Consegui me acalmar, pensava na minha família, na praia, em coisas boas. Não queria ser sedada de forma nenhuma, temia ver a luz, Deus, ou qualquer coisa parecida. "

Coração imaturo

Em pacientes jovens, o risco do infarto ser fulminante é alto, revela Alessandro Aparecido Machado, cardiologista do hospital, e um dos responsáveis pela cirurgia de emergência realizada em Carina. Embora desconheça estatísticas da mortalidade do infarto nesse público, explica que o atendimento bem feito, ágil, consegue reverter 70% dos casos.

“O infarto na parede dessa artéria, como ocorreu com a Ana Carina, costuma ser bem grave. Quanto mais cedo abrimos a artéria e fizermos o cateterismo, melhor o prognóstico. Na medicina, tempo é músculo", diz o médico.

Nessa faixa de idade, o problema também tende a ser mais complexo. Os especialistas explicam que o jovem tem menos circulação colateral, processo no qual pequenas artérias, normalmente fechadas, se abrem e irrigam os grandes vasos, servido como uma alternativa breve ao suprimento de sangue.

O rápido atendimento dado a jovem foi essencial para que 1% bastasse.  Alexandre de Mira, também cardiologista do Santa Catarina, revela que embora Ana Carina tenha sido a paciente infartada mais jovem atendida pelo hospital, o número de casos similares é crescente no Brasil, a maioria provocado devido ao consumo de cigarro e herança familiar.

"Os jovens que fumam estão mais preocupados com o pulmão do que com o coração. A informação existe, mas não há campanhas nacioanais que reforcem os riscos de infarto, independente da idade."

Contexto bombástico

Mesmo sabendo que sua avó faleceu por problemas cardíacos aos 26 anos, Ana Carina não se via como possível estatística. Além da herança familiar, do uso da pílula – por mais de 10 anos – como método contraceptivo, a empresária tinha o cigarro, há uma década, como um companheiro, alívio imediato do estresse.

“Adorava fumar, mas não era compulsiva. No dia a dia, fumava, em média, 12 cigarros. Nunca tinha pensando em parar, tampouco tentado. Sempre falei que só deixaria o tabaco para engravidar.”

Além da trinca de fatores, o contexto de vida era pouco favorável à saúde. Em um pique super intenso de trabalho, a dona de bar tinha poucas horas de sono e nenhum espaço para praticar uma atividade física.

Magra e avessa às tradicionais paranóias com regimes, ela cuidava da alimentação sem problemas com a balança – comia frutas, legumes, mas nunca com horário regrado para fazer as refeições. "Era saudável na medida do possível, mas nunca tive nenhuma doença."

Cardíaca

O evento foi uma espécie de choque anafilático na família e nos amigos. Hoje, ainda em recuperação, ela parou de fumar, dedica tempo e cuidados à alimentação, reduziu drasticamente a carga horária no trabalho e está, obrigatoriamente, mais caseira do que nunca. Espera a fase delicada passar para assumir de vez a nova vida e retomar a natação, esporte que praticou até os 16 anos, ou encontrar uma modalidade compatível com as limitações.

Para reforçar a mudança de vida, a mãe da jovem também abandonou o cigarro. As duas estão usando adesivo de nicotina para ajudar no processo. Seu coração ganha força aos poucos, mais ainda não pode se emocionar. No dia da entrevista à reportagem, o bar de Carina concorria a um prêmio em um evento tradicional do setor.

"Não posso viver a alegria de ganhar o prêmio. Queria ir ao evento, mas é contra a recomendação médica. Meu coração não pode passar por isso agora. Tenho que mentalizar outra coisa e esquecer essa emoção boa. Nesse momento, não dá nem para me apaixonar", brinca.

A história fez com que Carina virasse, em seu círculo de amizades, a única "amiga infartada”, título que ela carrega com bom-humor e como um alerta constante. “Fui muito abençoada. Tive muita sorte naquele dia. Os médicos, o farol aberto no caminho, a ajuda de meu pai, tudo foi fundamental para que eu sobrevivesse. O que passei me faz dar ainda mais valor à vida. Agora todo mundo viu que o problema não é tão distante quanto parece. Quem está dentro dos fatores de risco, sou o exemplo de que fundamental mudar rápido de postura.”

quarta-feira, 23 de março de 2011

Meditação e relaxamento ajudam a aliviar calores da menopausa

Estudo revela que incômodos típicos do período podem ser amenizados com o auxílio dessa prática

Reuters Health / IG

Foto: Getty Images Ampliar
Meditação pode ser aliada na redução dos sintomas da menopausa

Mulheres que sofrem com intensas ondas de calor na menopausa disseram que tiveram a qualidade de vida aprimorada depois de tomar aulas de meditação, é o que mostra um novo estudo.

As descobertas também sugerem que este tipo de aula poderia ajudar a melhorar a qualidade do sono, o estresse e a ansiedade durante a menopausa.

Em 2002, o estudo americano da Iniciativa Pela Saúde da Mulher constatou que a terapia hormonal usada para aliviar os sintomas da menopausa aumentava os riscos de AVC e de câncer de ovário.


Desde então, as mulheres acometidas por ondas de calor e sudorese noturna durante a menopausa ficaram com poucas alternativas de tratamento.

Existe uma vasta gama de atitudes em relação às ondas de calor e à forma como elas podem ser tratadas”, disse Ellen Freeman, especialista em menopausa da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia, em entrevista à Reuters Health.

“Existem inúmeras mulheres que não querem tomar hormônios... e muito menos, outros medicamentos. Por outro lado, elas podem ser bem receptivas à prática de meditação e relaxamento”, disse Freeman, que não participou do estudo.

Mulheres acometidas por ondas de calor intensas e frequentes costumam também reclamar de ansiedade e estresse relacionados aos sintomas, além de apresentarem dificuldade para dormir. Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts queriam avaliar a eficácia da meditação para aliviar estes sintomas da menopausa.
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Participaram do estudo 110 mulheres que sofriam pelo menos cinco ondas diárias de calor. Elas foram aleatoriamente dividas em dois grupos. O primeiro frequentou aulas semanais de meditação com 2,5 horas de duração com foco na consciência corporal, meditação e alongamento. Este grupo também recebeu CDs para realizar as atividades individuais diárias nos dias sem aulas. O grupo controle não frequentou as aulas de meditação durante o estudo, com duração de oito semanas.

No início do estudo, as mulheres apresentavam diariamente uma média de oito ondas de calor e três episódios de sudorese noturna, sentindo “moderadamente” ou “extremamente” incomodadas pelos sintomas, de acordo com as respostas dos questionários. Elas também relataram dificuldades para dormir, apresentando índices de ansiedade e estresse considerados acima do normal para pessoas saudáveis.

Ao final do programa de meditação, as mulheres apresentavam níveis mais baixos de estresse e ansiedade, não sendo mais consideradas fora da média normal para tais sintomas. Elas também estavam dormindo melhor, observando uma melhora na qualidade de vida, e se sentiam menos incomodadas pelas ondas de calor – melhora observada mesmo três meses após o final do programa. Nesta fase, as mulheres se sentiam entre “levemente” e “moderadamente” incomodadas pelas ondas de calor.

Os dois grupos apresentaram melhoras na intensidade das ondas de calor, mas as mulheres que frequentavam as aulas de meditação não apresentaram mais melhoras do que as do grupo controle, de acordo com o estudo, publicado no periódico americano Menopause. No final do programa, não foram observadas diferenças entre os dois grupos quanto à frequência das ondas de calor.


Segundo os autores, o estudo sugere que as aulas podem ser mais eficazes para ajudar as mulheres a lidar com as ondas de calor do que para se livrar por completo destes sintomas. O programa apresenta a possibilidade para as mulheres que sofrem com as ondas de calor e não querem tomar antidepressivos ou outros medicamentos de venda controlada, disse Freeman.

Freeman e James Carmody, autor do estudo, concordam que pode ser mais fácil tomar um comprimido diariamente do que passar horas em aulas de relaxamento. Carmody disse à Reuters Health que o empecilho deste tipo de programa é o investimento de tempo necessário, o que o torna impossível para muitas mulheres.

Ele diz: “Gostaríamos de observar se um programa mais curto apresenta efeitos semelhantes. Algo que torne o tratamento mais acessível às mulheres”.

* Por Genevra Pittman

segunda-feira, 21 de março de 2011

25% das crianças sofrem de falta de sono

Dormir pouco afeta crescimento e rendimento escolar. Saiba porque seu filho deve dormir bem – e aprenda como ensiná-lo a fazer isso desde o berço

Renata Losso, especial para o iG São Paulo
 

Foto: Getty Images Ampliar
Sono: 25% das crianças dormem menos que o necessário

As crianças precisam de disciplina para ir bem na escola e ter uma alimentação saudável – todos sabem disso. Mas poucos pais dão a devida atenção ao sono. De acordo com uma pesquisa divulgada pela Associação Mundial de Medicina do Sono (WASM, na sigla em inglês), 25% das crianças dormem menos do que deveriam. Problemas nesta área podem afetar tanto o rendimento escolar quanto a alimentação. E não são só estes os malefícios da falta de horas bem dormidas: de acordo com Rosa Hasan, coordenadora do Departamento de Sono da Academia Brasileira de Neurologia, a criança que dorme menos que o ideal pode sofrer até mesmo um déficit de crescimento. “O hormônio de crescimento é liberado durante o sono, então este é um assunto que deve ser levado a sério”, explica.


À medida que envelhecemos, é comum dormirmos menos, sem causar impacto no rendimento das atividades do dia a dia. Mas durante a infância e adolescência, o sono é mais importante. De acordo com um estudo realizado pela renomada Universidade de Harvard e publicado na revista norte-americana Time, crianças de seis meses a três anos que dormem menos de 12 horas por dia têm o dobro de chances de ter sobrepeso já aos três anos de idade, se comparados aos que dormem tempo suficiente – incluindo cochilos.

Conforme a criança cresce, os problemas mudam de foco. A psicóloga Alice Gregory, da Universidade de Londres, na Inglaterra, acompanhou 2.076 crianças durante 14 anos, dos quatro aos 16 anos de idade. As que dormiam menos de dez horas por dia estavam mais propícias a sofrer de altos níveis de ansiedade, depressão e agressão. E a conta das horas de sono perdidas era cobrada mais tarde: dos 18 aos 32 anos. Por isso cabe aos pais criar bons hábitos de sono em seus filhos desde pequenos.

A missão começa por ensiná-los a dormir sozinhos. Dormir com os pais é inadequado até porque pode acabar atrapalhando a vida conjugal. Mas não só isso garante um sono de qualidade. De acordo com a neuropediatra Márcia Pradella, coordenadora do setor de crianças e adolescentes do Instituto do Sono da Unifesp, a criança começa a conciliar o sono no período noturno entre o terceiro e quinto mês de vida, quando começa a produzir a melatonina. O hormônio avisa ao organismo que chegou a hora de dormir. A partir deste momento, os pais já podem criar um ritual para a hora do sono.

Quando as crianças ainda estão no período da amamentação e a mãe amamenta antes de dormir, pode-se colocar o bebê no berço e cantar sempre uma mesma musiquinha enquanto ele está pegando no sono. “Já por volta dos seis ou oito meses, ela pode ter também um amiguinho de dormir. Pode ser um bichinho ou um cobertorzinho”, sugere Márcia. “Isso vai acalmar a criança durante o sono”, completa.

O ritual de dormir deve durar de 15 a 30 minutos, no máximo. “Os pais podem e devem sair do quarto, quer a criança tenha dormido ou não”, diz a neuropediatra. Assim, ela aprende a pegar no sono por si mesma. Quando estiver por volta dos sete ou oito anos, ela pode fazer o ritual sozinha, acompanhada de um livrinho, por exemplo. “Mas o mais importante é manter horários regulares”, afirma.

Quando a criança é pequena, a recomendação é colocá-la na cama por volta das 20 horas. Durante a idade escolar, o horário sobe para as 21 horas. Como as crianças têm necessidade de dormir bastante, as regras estabelecidas devem ser seguidas à risca. Estabelecer a rotina nem sempre será um mar de rosas. Mas, se o filho fizer birra na hora de dormir, os pais devem insistir. “É preciso encorajar a criança a dormir sozinha”, diz Rosa.

Para um bom período de sono, o ambiente deve corresponder. Pijama confortável, ambiente com menos iluminação e distância de telefones, televisores e computadores são recomendados.

E, para saber se os pequenos estão dormindo bem, os pais devem reparar em possíveis alterações de humor e comportamento. “Se a criança anda briguenta, emburrada, com olheiras, vive de boca aberta, então quer dizer que o sono dela não está bom”, aponta Márcia. Saber se ela está ou não acompanhando os coleguinhas da escola nos estudos é essencial.

Distúrbios do sono mais sérios, como o sonambulismo, o terror noturno e a enurese infantil, podem atrapalhar a qualidade do descanso. Se estes problemas existirem, é preciso procurar um especialista. Na área do sono, os ponteiros da família devem estar bem ajustados. De acordo com a coordenadora do Departamento de Sono da Academia Brasileira de Neurologia, tanto o excesso como a falta dele trazem muito mais males do que se imagina. “Quem dorme mal, vive menos”, afirma Rosa.

sábado, 19 de março de 2011

A importância do cálcio para a saúde

Nutriente é essencial para um raciocínio rápido e uma boa resposta muscular

Chris Bertelli, iG São Paulo

Foto: Getty Images
Cálcio pode ajudar até a perder peso

Os cuidados com a ingestão de cálcio não devem ficar restritos à infância ou à fase do climatério. O investimento no consumo desse nutriente deve começar no início da vida e perdurar durante toda a infância, adolescência, fase adulta e velhice.

O Ministério da Saúde recomenda a ingestão diária de 1000mg de cálcio por dia para um adulto (mulheres que estejam amamentando precisam de 1200mg/dia). Para quem faz exercícios físicos ou no calor intenso, essa quantidade pode ser ultrapassada.

“Perdemos cerca de 100mg cálcio por hora no suor”, afirma Antonio Hebert Lancha Junior, professor titular da Universidade de São Paulo e coordenador do Laboratório de Nutrição e Metabolismo Aplicados à Atividade Motora.

A indicação diária parece pouca, mas equivale a três copos de leite mais uma porção de queijo, volume que nem todos conseguem alcançar. Pesquisas realizadas no Brasil nos últimos anos apontam que a ingestão de cálcio pela população é de cerca de 300 a 500 mg por dia. Os dados são confirmados pelo estudo BRAZOS (The Brazilian Osteoporosis Study) que constatou que 99% da população apresentam ingestão inadequada do mineral, sendo que o consumo médio atinge apenas 52% das necessidades diárias.
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A função mais conhecida desse mineral é fortalecer os ossos, mas ele também é importante para o bom funcionamento do cérebro e dos músculos, para manter as cáries longe dos dentes e até mesmo para reduzir a pressão arterial e a gordura corporal.

O pesquisador Angelo Tremblay, da Université Laval, do Canadá, investiga a relação entre o cálcio e a redução da gordura desde 2003. Até hoje, já comprovou que pessoas com dietas pobres em cálcio acumulam mais gordura, tem circunferência abdominal maior e índices de colesterol mais altos do que aquelas que ingerem a quantidade diária indicada.

O acúmulo de cálcio no organismo tem seu auge aos 35 anos. Depois dessa idade, a tendência é perdê-lo com facilidade, por isso a preocupação constante com sua devida ingestão. “O osso não é uma estrutura rígida, é um tecido vivo, que se refaz o tempo todo. Mas as células de remodelação tem seu pico aos 35 anos, depois disso, vamos perdendo 1% de massa óssea por ano”, afirma Lancha Junior.

Para os idosos, esse nutriente se torna ainda mais necessário para a saúde dos ossos, a fim de evitar possíveis complicações de quedas, que afetam 30% dessa população e podem até ser fatais.

Para ser bem absorvido

No entanto, não basta apenas consumir a quantidade indicada, é preciso criar condições adequadas para que esse mineral possa ser incorporado ao organismo. A exposição à atividade física é essencial e estimula a absorção.

“O ideal é a realização de exercícios que realizem movimentos em vários sentidos, diferentes eixos, como o tênis, o vôlei, e outros esportes”, avalia o professor da USP.

Na briga para manter o cálcio dentro do organismo, vale evitar os ladrões desse mineral. “Sal em excesso, cafeína e bebidas alcoólicas favorecem a eliminação desse nutriente. Por isso, é importante estar atento para a quantidade consumida. Reduzir o sal na alimentação e a ingestão de bebidas alcoólicas vai favorecer a saúde como um todo. Além disso, o cigarro também prejudica a absorção desse mineral”, alerta a nutricionista Camila Freitas.

Excelentes fontes de cálcio

As fontes de cálcio típicas são o leite e os produtos lácteos. O leite integral, de vaca, tem 228mg de cálcio por 200ml e o queijo prato 1000mg por 100g. A soja também pode ser uma excelente opção variando de 80 a 750mg por porção. Além desses alimentos, ele pode ser encontrado em abundância no amaranto, aveia, avelã, verduras verde-escuras como couve, brócolis e espinafre e peixes como o salmão ou a sardinha.

"A alimentação é individual, mas uma dieta balanceada rica em frutas e verduras garante um equilíbrio dos nutrientes", afirma a nutricionista Fernanda Granja.

Atualmente, já existem no mercado alimentos enriquecidos a fim de facilitar o consumo das necessidades diárias. Só neste ano, a indústria já apresentou dois lançamentos com essa finalidade. A Nestlé lançou a linha Molico Total Cálcio, que promete fornecer a dose diária em dois copos de leite ou iogurte. A Danone colocou nas prateleiras o Densia, que assegura oferecer 50% da necessidade por pote (100 g).