sábado, 12 de março de 2011

Ejaculação precoce requer terapia sexual

Problema geralmente está relacionado à ansiedade e à formação sexual inadequada

Bruno Folli, iG São Paulo

Foto: Getty Images Ampliar
Frustração: em vez de sofrer é preciso procurar ajuda médica

A ejaculação precoce é quase tão comum quanto a disfunção erétil, ela atinge 30% dos homens. Contudo, seu tratamento é bem menos popular que a famosa pílula azul, e isso faz os homens sofrerem quietos por mais tempo antes de procurar ajuda médica.

De fato, a solução ainda é bem menos prática que ingerir uma pílula antes da relação. Os especialistas recomendam terapia sexual e, para os casos persistentes, são indicados antidepressivos.

“O homem precisa melhorar sua percepção do corpo e obter domínio sobre a ejaculação”, afirma a urologista e terapeuta sexual Sylvia Faria Marzano, diretora do Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática.


Ejaculação precoce pode estar ligada ao início inadequado da vida sexual. “O rapaz ejacula rápido porque tem medo de ser pego na masturbação ou porque teve relações em locais desfavoráveis (como na casa da namorada, onde alguém poderia chegar a qualquer momento)”, explica.

Assim, o homem cresce condicionado a gozar rápido ou sem controle sobre o orgasmo. É um reflexo ejaculatório errado.

Existe ainda uma causa secundária, mais ligada à ansiedade e que aparece em homens mais maduros. “Tem a ver com pessoas muito cobradas, que querem tudo para ontem. É a ansiedade ao extremo”, explica a médica.

A causa secundária pode acontecer também depois do homem falhar na cama. Ele se torna receoso e passa a segurar as primeiras ereções, com medo de não conseguir recuperá-las na hora do sexo. E isso favorece a ejaculação precoce.

Existem ainda correntes médicas que buscam explicações orgânicas para o problema. “Já se falou em causas neurológicas e muitas outras coisas, mas é tudo muito discutível. Não há nada bem demonstrado”, afirma o urologista Roberto Vaz Juliano, professor da Faculdade de Medicina do ABC.

Não adianta pensar em coisas broxantes

Sabe aquela dica de contar até dez, de pensar nas contas de casa ou em qualquer outra coisa broxante para não gozar rápido? Então, não faça. “Você só pode estar bem no sexo se estiver de corpo inteiro”, afirma Sylvia.

Na terapia sexual, explica ela, o homem é ensinado a não focar sua preocupação exclusivamente no pênis. “É errada essa expectativa masculina de querer apenas um pênis grande, duro e que funcione. A mulher deseja também carinho, um companheiro”, explica Juliano.


Por isso, a terapia sexual busca fazer o homem explorar outras sensações durante o sexo. “São treinamentos para haver mais atenção a outros momentos do sexo, antes da penetração, e que darão mais excitação à mulher”, conta o urologista.

Ele ressalta a diferença no tempo de excitação entre homens e mulheres. “O homem é como uma bomba-relógio de pavio curto, enquanto a mulher é uma bomba atômica de pavio longo”, diz.

Um minutinho

Embora não seja crime ter relações rápidas eventualmente, a ejaculação precoce é caracterizada quando o homem atinge o orgasmo em cerca de um ou dois minutos, muito antes da parceira se satisfazer.

A situação pode ser revertida quase imediatamente, caso o tratamento seja feito com antidepressivos. “Eles agem em neurotransmissores, na serotonina, e retardam o orgasmo masculino”, afirma Juliano.

O problema é que existem efeitos colaterais. “O homem perde libido, passa a ter um desejo sexual menor”, aponta. Além disso, ele pode ganhar peso e sentir náuseas.

Existe uma nova droga em estudo que pode mudar um pouco essa realidade. “A dapoxetine é um neurotransmissor de ação curta. Estuda-se a possibilidade de usá-lo apenas antes da relação, como os remédios para disfunção erétil”, conta o urologista.

Sylvia defende que não adianta apenas usar medicações, pois ao suspender seu uso, a ejaculação rápida geralmente volta a acontecer. “Eles podem ser usados, mas é necessário o trabalho com terapia sexual em conjunto”, diz ela.

Mais experiência

A ejaculação precoce é mais comum em homens jovens. Ela acontece porque eles ainda estão descobrindo e aprendendo a lidar com o reflexo ejaculatório, além de poderem se sentir pressionados no início da relação com novas parceiras.

“Fisiologicamente, o envelhecimento retarda o orgasmo. Mas também retarda o período refratário, tempo entre orgasmo e nova ereção”, conta Juliano.

A mulher pode colaborar de várias maneiras para resolver o problema. “Ela pode pontuar a situação, pois a maioria dos homens, se ninguém reclamar, pode achar que até é muito viril por ejacular rápido e várias vezes no dia”, conta Sylvia. “A parceira ajuda quando deixa o homem à vontade”, diz Juliano.

Existem ainda alternativas de tratamento, além da terapia sexual e dos antidepressivos, embora todas gerem controvérsia. Os géis anestésicos, vendidos em sex shops, podem retardar o orgasmo do homem. O problema é que eles acabam agindo na sensibilidade da mulher e prejudicam assim o orgasmo dela.

Já os medicamentos para disfunção erétil trazem a vantagem de reduzir o período refratário, permitindo relações com menor intervalo entre elas. Mas isso não resolve o problema. A questão não é ter várias relações, e sim uma que dure o tempo necessário para satisfazer o casal.

Por fim, a médica alerta para as injeções de protaglandina e papaverina oferecidas por algumas clínicas. “Elas são usada para disfunção erétil, no caso de pacientes que não respondam ao tratamento com medicamento oral, como os diabéticos”, explica

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