segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Pais que trabalham com tecnologia adotam escola à moda antiga nos EUA

"Se eu fizesse filmes para adultos, não gostaria que meus filhos assistissem até os 17 anos", diz funcionário do Google

 
The New York Times | IG

    Foto: The New York Times
    Pais e escola mantêm crianças longe de tecnologia

    Escolas de todo o mundo têm levado computadores para as salas de aula às pressas, e muitos políticos americanos dizem ser tolo não fazer isso. Mas opiniões contrárias podem ser encontradas no epicentro da economia tecnológica, onde alguns pais e educadores têm uma mensagem muito importante a passar: computadores e escolas não se misturam.

    Esta é filosofia da Escola Waldorf da Península, que também existe em outras partes dos Estados Unidos e em outros países, Brasil incluído. As atividade preveem e aprendizagem através de tarefas criativas e mão na massa. Aqueles que apoiam essa abordagem dizem que os computadores inibem o pensamento criativo, o movimento, a interação humana e a atenção. O método não é longe, mas sua presença entre os mestres da indústria tecnológica ressalta o crescente debate sobre o papel dos computadores na educação.
     
    "Eu fundamentalmente rejeito a noção de que você precisa de aparelhos de tecnologia na escola primária", disse Alan Eagle, 50, cuja filha, Andie, é uma das 196 crianças que estudam educação primária na Waldorf; seu filho William, 13, está no ensino médio nas proximidades. "A ideia de que um aplicativo em um iPad pode ensinar melhor os meus filhos a ler ou fazer contas é ridícula."

    Eagle sabe um pouco sobre tecnologia. Ele se formou em ciência da computação pela Universidade Dartmouth e trabalha em comunicações executivas no Google, onde escreveu discursos para o presidente Eric E. Schmidt. Ele usa um iPad e um smartphone. Mas ele diz que sua filha, uma aluna da quinta série, “não sabe como usar o Google", e que seu filho está apenas aprendendo. (Começando na oitava série, a escola aprova o uso limitado de aparelhos tecnológicos.)

    Três quartos dos alunos aqui têm pais que trabalham em alta tecnologia. Eagle, como outros pais, não vê contradição. A tecnologia, diz ele, tem o seu tempo e lugar: "Se eu trabalhasse na Miramax e fizesse filmes para adultos eu não gostaria que meus filhos assistissem até que tivessem 17 anos”.

    Enquanto outras escolas na região se gabam de suas salas de aula cheias de computadores e equipamentos de ponta, a escola Waldorf abraça um olhar simples e retro – quadros com giz colorido, estantes com enciclopédias, mesas de madeira cheia de livros e lápis preto número 2.

    Em uma terça-feira recente, Andie Eagle e sua turma da quinta série reforçavam suas habilidades em tricô, fazendo amostras de tecido. É uma atividade que a escola diz ajudar a desenvolver a solução de problemas, a padronização de competências, a matemática e a coordenação. O objetivo a longo prazo: fazer meias.

    No final do corredor, uma professora perguntou a alunos da terceira série uma conta de multiplicação, pedindo-lhes para fingir que seus corpos eram relâmpagos. Ela perguntou quanto é quatro vezes cinco – e, em uníssono, eles gritaram "20" e apontaram seus dedos para o número no quadro negro. Uma sala cheia de calculadoras humanas.
     
    Na segunda série, os alunos de pé em um círculo aprendiam habilidades de linguagem, repetindo versos ditados pela professora, ao mesmo tempo que brincavam de pega pega. É um exercício que visa sincronizar corpo e cérebro.A professor de Andie, Cathy Waheed, que é uma ex-engenheira de computação, tenta tornar o aprendizado irresistível e altamente tátil. No ano passado, ela ensinou frações pedindo às crianças que cortassem alimentos – maçãs, quesadillas, bolo – em quartos e metades.
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    "Durante três semanas, nós aprendemos frações comendo", disse ela. "Quando eu tinha partes suficientes de uma fração de bolo para alimentar a todos, você acha que eles prestavam atenção?"

    Alguns especialistas em educação dizem que a pressão para equipar as salas de aula com computadores é injustificada porque nenhum estudo mostra claramente que isso leva a melhores resultados em exames ou outros ganhos mensuráveis.

    E a aprendizagem através de frações de bolo e tricô é melhor? Os defensores da Waldorf dificultam a comparação, em parte porque como uma escola privada ela administra testes não padronizados no ensino fundamental. E eles seriam os primeiros a admitir que seus alunos podem não se sair tão bem nestes testes, porque, dizem, eles não são treinados para decorar uma matemática padronizada e um currículo de leitura.

    Quando perguntado sobre a evidência da eficácia das suas escolas, a Associação da Escola Waldorf da América do Norte aponta o resultado de uma pesquisa realizada por um grupo de filiados que mostra que 94% dos estudantes que se formaram nas escolas Waldorf nos Estados Unidos entre 1994 e 2004 frequentaram a faculdade - mas lá, o processo não se baseia em um único teste como no Brasil.

    É claro, esse número pode não ser surpreendente, dado que estes são alunos de famílias que valorizam a educação o suficiente para procurar uma escola privada seletiva e geralmente têm os meios para pagar por isso.

    Com a ausência de evidências claras, o debate se resume à subjetividade, a escolha dos pais e uma diferença de opinião sobre um quesito: engajamento. Defensores de se equipar as escolas com tecnologia dizem que computadores podem prender a atenção dos alunos e, de fato, que os jovens que foram desmamados em dispositivos eletrônicos não vai funcionar sem eles.

    Ann Flynn, diretora de tecnologia da educação para a Associação Nacional de Conselhos Escolares, que representa os conselhos escolares em todo o país, disse que os computadores são essenciais. "Se as escolas têm acesso a essas ferramentas e podem comprá-los, mas não estão usando essas ferramentas, elas estão enganando nossos filhos", disse Flynn.

    sábado, 29 de outubro de 2011

    Plano Nacional de Educação deve fixar recursos de 8,3% do PIB

    Em fase final de elaboração no Congresso, metas para a área nos próximos dez anos devem ser apresentadas na próxima semana

     
     
    Agência Brasil |IG

     
     
    Após meses de um intenso trabalho de análise e negociações, o relatório do Plano Nacional de Educação (PNE) está em fase final de elaboração e deve ser apresentado na próxima semana na Câmara. O projeto de lei definirá 20 metas educacionais que o país deverá atingir até a próxima década. Versão preliminar do relatório obtida pela Agência Brasil estabelece que o país deverá aumentar o investimento público em educação dos atuais 5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 8,29% nos próximos dez anos.
     
    Esse era um dos pontos mais polêmicos do plano e alvo de boa parte das quase 3 mil emendas que o projeto recebeu. A proposta inicial do governo era de que esse patamar fosse de 7%, mas houve grande pressão dos movimentos sociais para que se ampliasse o percentual para 10%. O relatório do deputado Angelo Vanhoni (PT-PR) encontrou uma solução intermediária para a questão: determina o aumento dos investimentos para 7% do PIB até o quinto ano de vigência do PNE e para 8,29% no décimo ano de vigência do plano.

    Durante a tramitação na comissão especial criada para avaliar o PNE, diversos estudos apresentados por entidades e pesquisadores indicavam que 7% seriam insuficientes para atingir todas as metas de melhoria do acesso e da qualidade da educação previstas no plano. Para a deputada Dorinha Rezende (DEM-TO), que faz parte da comissão do PNE, o valor que deve ser estipulado no relatório (8,29%) ainda é pequeno. Os deputados terão direito a apresentar novas emenda ao relatório e ela acredita que o tema será novamente debatido.

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    “Esse continua sendo o ponto em que no discurso todo mundo é a favor [de mais dinheiro], mas na prática não se efetiva. É preciso entender que os 5% de hoje não estão dando conta de garantir a qualidade, precisamos de um esforço a mais para garantir um bom padrão para todos. Hoje você tem professor ganhando R$ 4 mil e outros que não recebem nem o piso nacional [R$ 1.187]”, defende a deputada.

    Na avaliação de Dorinha, o relatório irá tentar conciliar as diversas propostas, mas, para ela, o momento é ideal para estabelecer um pacto por um maior esforço. Ela aponta que, além de aumentar o patamar de investimento, o PNE deve determinar uma maior participação da União nessa conta, que hoje fica em grande parte com estados e municípios. “Isso não quer dizer que daqui a dez anos a gente não possa rever essa meta. Se houver melhoria no sistema poderemos avaliar e entender que os 10% do PIB não são mais necessários. O aluno que repete todo ano, por exemplo, é um dinheiro que a rede de ensino joga fora e se eu consigo melhorar o sistema diminuo os gastos”, pondera.

    Além da meta que define o patamar de investimento, outras também sofreram alteração em relação ao projeto enviado ao Congresso pelo Executivo. A de número 11 falava, no texto original, em duplicar as matrículas da educação profissional. O relatório deve trazer a proposta de triplicar o número de estudantes nesta etapa. Já a meta 12 determinava o aumento da taxa de matrícula no ensino superior para 33% na população de 18 a 24 anos. Na nova versão a meta é mantida, mas com uma ressalva: 40% das matrículas devem estar nas universidades públicas. Hoje o setor privado é o responsável pela maioria (75%) dos estudantes do ensino superior.

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    Boa parte das emendas apresentadas ao PNE foi formulada pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que participou dos processos de negociação para elaboração da nova versão do projeto. Para o presidente da entidade, Daniel Cara, o relator foi muito aberto ao debate com a sociedade e ao mesmo tempo cumpriu seu papel de negociador dentro do governo. Caso se confirme o percentual de investimento de 8,3% do PIB, Cara avalia que é uma conquista e representa um viés de alta.

    “A vantagem é que se estabelece um novo piso de negociação. Não vamos aceitar nada menos do que os 8,3%”, diz. Ele ressalta, entretanto, que a entidade continuará lutando pelos 10% do PIB. Após a apresentação do relatório, os deputados da comissão terão novo prazo de apresentação das emendas. Só depois de aprovado o texto segue para o Senado que só deve iniciar a tramitação do novo PNE em 2012.

    sexta-feira, 28 de outubro de 2011

    “Mesmo em último caso, a palmada não é válida”, diz terapeuta familiar

    Carlos Zuma defende o debate em torno da “Lei da Palmada” e analisa o momento de transição dos modelos de educação dos filhos

     
    Renata Losso, especial para iG São Paulo
     
    Foto: Getty Images Ampliar
    Limites: castigo e conversa são o caminho para educar e violência não é válida "nem em último caso"

    Com a criação do Projeto de Lei 7672, que proíbe os pais de castigarem fisicamente os filhos, abriu-se uma discussão que parece ser interminável na sociedade: afinal, é tão maléfico assim dar umas palmadas ou beliscões nos filhos? Na semana passada, a terapeuta infantil Denise Dias, autora do livro “Tapa na Bunda – Como impor limites e estabelecer um relacionamento sadio com as crianças em temos politicamente corretos” (Editora Matrix), concedeu uma entrevista ao Delas defendendo o uso do que se costumou chamar de “palmada pedagógica”. Mas para o psicólogo e terapeuta familiar Carlos Zuma, esse está longe de ser o melhor caminho.


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    Carlos é secretário executivo do Instituto Noos, organização sem fins lucrativos que visa promover a saúde dos relacionamentos familiares e comunitários, e membro da Secretaria Executiva da Rede “Não Bata, Eduque”. Segundo ele, a violência contra as crianças – por mais que seja um puxão de orelha de leve – não possui nenhuma utilidade benéfica. Pelo contrário: pode deixá-la traumatizada ou ensiná-la que é assim que se faz. “Muitas pessoas estão no automático, repetindo modelos que eles mesmos condenavam”, diz. Confira entrevista com ele.


    iG: O que você acha do Projeto de Lei que proíbe castigos físicos, como beliscões e palmadas, para “corrigir” os filhos?

    Carlos Zuma:
    Eu apoio a lei. Mas acho que o melhor ângulo de vê-la não é pela proibição do castigo em si. Prefiro defini-la como uma lei que garante o direito das crianças de serem educadas sem o uso de castigos corporais e tratamentos degradantes. Pelo direito que têm de serem educadas sem apanhar, sem serem humilhadas. Esse é o ângulo pelo qual prefiro vê-la. Uma lei é importante para dar parâmetros de comportamento e para os juízes poderem julgar os casos com base em uma legislação clara. Se isso não acontece, só lhes restam interpretações subjetivas e questões sobre qual o limite entre o mau trato e a boa educação. A lei é importante, portanto, para que não haja subjetividade.

    iG: Você acredita que a lei pode ser mesmo efetiva?

    Carlos Zuma:
    Não acredito que uma lei sozinha irá mudar comportamentos já arraigados em nossa cultura. Eu acredito que pode mudar, mas a lei sozinha não funciona: todo o debate em torno dela é que pode trazer a mudança cultural que precisamos. E temos evidências de mudanças já acontecendo. Nossos avós viveram a infância em uma época que era normal as crianças ajoelharem no milho e os professores usarem palmatória como método de educação e disciplina, mas já podemos ver como há uma posição contrária dos pais a isso hoje em dia. Temos, portanto, que ver o castigo físico da mesma forma. O grande problema mesmo é confundir a educação com esse castigo físico, o bater. Quando fazemos alguma campanha sobre o assunto, é impressionante o número de pessoas que questionam como vão educar se não podem bater nos filhos. Tem gente que acha que é uma coisa é sinônima da outra, mas não é.



    iG: Ainda em relação à própria lei, haverá alguma maneira de distinguir uma “palmada educativa” de uma real agressão à criança? Você acha que é possível fiscalizar esse tipo de situação?

    Carlos Zuma:
    Justamente porque é muito difícil distinguir uma coisa da outra, o melhor mesmo é determinar que não é necessário bater para educar. E, de fato, não é necessário. Existem gerações e gerações de pessoas que foram educadas sem nunca terem tomado um tapa, e isso não as tornou psicopatas. Claro que a maioria dos pais tem a melhor das intenções quando dão palmadas em seus filhos. Vemos que os pais querem educá-los para não se tornarem um bandido, um marginal, então dizem que preferem bater do que ver a criança apanhar da polícia ou da vida no futuro. A intenção dos pais é a melhor possível, mas as consequências, para as crianças, são sentidas para o resto da vida. E não é só o tapa que faz isso: é a humilhação também.

    iG: Como você mesmo cita, alguns pais acreditam que é melhor dar palmada nos filhos para discipliná-los antes que “apanhem” da vida ou até mesmo, literalmente, da polícia. Uma criança que não é disciplinada a palmadas terá menor capacidade de lidar com as adversidades da vida, no futuro?

    Carlos Zuma:
    Uma criança que não foi educada e disciplinada terá maiores chances, sim, de apanhar da vida. Não tenho a menor dúvida disso. Mas a melhor forma de educar e disciplinar não é batendo na criança. Eu não tenho a menor dúvida: crianças que não foram educadas pelos pais sofrem muito mais e levam muito mais tempo para se adaptar à realidade. Mas eu falo em educar sem o uso do castigo corporal. As pessoas não devem confundir uma coisa com a outra.

    Foto: Arquivo pessoal Ampliar
    Carlos Zuma: educar não significa bater


    iG: Como os pais devem impor limites e exercer autoridade sem usar castigos físicos? Você acha que o “tapa na bunda” é necessário em alguns casos – como o de crianças bem mal-educadas?
    Carlos Zuma:

    Eu discordo que, em último caso, a palmada seja válida. Ao bater em seu filho, você pode conseguir que ele aja da maneira correta, mas se aquilo está educando-o ou estragando-o é questionável. Quando você bate, está dizendo: “olha, quando alguém te contraria, quando alguém faz alguma coisa que você não quer, é legítimo bater”. E então surge um aprendizado da violência como resolução de conflitos. Mas a violência é uma forma ruim de resolução de conflitos. Quando a proposta da Lei Maria da Penha surgiu, a mesma discussão veio à tona. Pouquíssimas pessoas discordam da necessidade de existir uma lei que proíba o marido de bater em sua esposa. O direito de uma pessoa não acaba porque ela está dentro de casa, seja esta pessoa um adulto ou uma criança.
    iG: Se palmada e puxão de orelha não são válidos como últimas atitudes dos pais para a criança obedecê-los, o que eles podem fazer?

    Carlos Zuma:
    Não é para usar palmada nem tratamento cruel degradante, mas o castigo é válido, desde que esteja adequado à idade da criança e proporcional ao tipo de comportamento que ela teve. Você pode privar a criança de assistir televisão durante uma tarde porque ela fez uma coisa errada, por exemplo. A criança precisa saber que seus atos têm consequências. Com castigo e explicação, ela pode começar a entender que isso ou aquilo é errado.

    iG: Muitos pais se perguntam por que não deveriam bater em seus filhos, se eles mesmos apanharam durante a infância e cresceram sem traumas. Você acha que esse argumento é válido?

    Carlos Zuma:
    É muito complicado definir o que quer dizer “sem traumas”. Eu duvido que essas pessoas optariam por ser corrigidas como foram – apanhando – se pudessem ter escolhido. Também não é porque eu me vejo sem nenhum trauma hoje que as mesmas atitudes funcionarão para o meu filho. O momento é outro. Uma criança do passado pode ter absorvido melhor o que sofreu de castigo físico em uma época em que ajoelhar no milho era aceitável. Hoje isso não acontece.

    iG: Há também o argumento de que violência é ver crianças nas ruas, passando fome e fora da escola, e dar uma palmada ou castigar os filhos não é violência.
    Zuma: A violência hoje em dia nos cozinha em fogo brando e nos acostumamos com ela. Sim, há uma violência contextual atualmente, o Estado não provê todas as necessidades básicas a muitas pessoas. Mas por isso vamos dizer que o tapa em uma criança não é violência? Isso não é argumento. Não é pela existência de uma violência contextual que irei minimizar essa outra violência, que é bater nos filhos. É violência da mesma forma e é errada. Precisamos garantir os direitos de todas as crianças e adolescentes, mas nem por isso irei permitir a violência dentro de casa com agressão física ou humilhante.


    Foto: Getty Images Ampliar
    Mostrar à criança que seus atos têm consequências é a recomendação dos especialistas

    iG: O que falta aos pais que tentam educar os filhos na base da palmada?
    Carlos Zuma:

    Estamos em um momento de transição dos modelos de educação, modelos que deram certo em alguns aspectos e errado em outros. O problema é que muitas vezes, ao tentar corrigi-lo, vamos para o outro extremo: do autoritarismo para uma política do “tudo pode”. Os pais estão com pouco tempo para educar os filhos, se sentem muito culpados e não querem se ocupar em dar limites. Mas acredito ser uma transição pela qual estamos passando. Iremos encontrar formas claras de educar as crianças sem precisar bater nelas. Precisamos, para isso, refletir. O que fazemos com o nosso tempo? Temos condições ou não de proporcionar uma boa educação para as crianças que colocamos no mundo? Qual a qualidade do relacionamento que irei manter com meus filhos? É preciso ter essa reflexão, mais do que defender o direito de bater em uma pessoa.



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     na bunda", diz terapeuta

    quinta-feira, 27 de outubro de 2011

    Alimentação desequilibrada prejudica o rim diabético



    Quem tem a doença deve restringir consumo de carboidratos mas não pode exagerar nas proteínas, para não sobrecarregar os rins


    Fernanda Aranda, iG São Paulo



    Foto: Getty Images Ampliar
    Olho na dieta: proteína em excesso pode sobrecarregar o rim diabético
     
    A chegada de um paciente ao hospital com os rins doentes, em metade dos casos, revela um diabetes até então desconhecido, mas em estágio avançado e em situação de descontrole.


    Para piorar o cenário, o nefrologista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Arthur Beltrame Ribeiro, agrega mais estatísticas a esse quadro:

    “Três em dez diabéticos acabam na máquina da hemodiálise (aparelho que substitui a função renal) e com a necessidade de fazer um transplante de rim."

    O comprometimento dos rins do diabético se dá por causa da própria dinâmica da doença, em especial a do diabetes tipo 2, desencadeado principalmente por obesidade, pressão arterial alta e sedentarismo.


    “O rim é um dos órgãos mais vascularizados do corpo, responsável por limpar o organismo das substâncias que não fazem bem”, afirma o médico. “Como as placas de gordura comprometem os vasos, e elas são bem comuns em pacientes diabéticos, o rim é atingido em cheio", informa Marco Tambascia, professor de endocrinologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
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    Além do curso natural da doença, a maioria dos medicamentos existente no mercado exige do rim um maior funcionamento para eliminar as toxinas do corpo.

    “Por conta disso, um ponto que merece atenção é a alimentação”, acrescenta a endocrinologista do Hospital São Paulo, Maria Teresa Zanella. “O diabético, devido às restrições alimentares, precisa controlar os carboidratos (açúcar e farinha, por exemplo) e acaba consumindo mais proteínas (carnes e laticínios). O problema é que para metabolizar as proteínas, também há uma maior exigência do rim. Tudo isso precisa ser pensado na hora do tratamento e na indicação da dieta”, reforça a endocrinologista.

    Soluções

    Tratar e ainda proteger o rim do diabético exige uma ação em conjunto de várias áreas médicas, avalia Beltrame Ribeiro. “Mesmo porque, o diabetes tipo 2 vem acompanhado de um coquetel de fatores de risco. Em nosso ambulatório, simultaneamente o diabetes, a obesidade e a hipertensão. Isso acarreta uma mudança nutricional do paciente, com cautela especial aos rins”, informa o nefrologista.


    Paralelamente, a indústria farmacêutica também pesquisa opções medicamentosas que exijam menos da função renal. Uma delas, por exemplo, que acaba de chegar no mercado brasileiro é excretada pela bile (pelas fezes) e não pelos rins. O novo remédio já está no mercado e precisa de receita especializada para ser consumido.

    A Sociedade Brasileira de Diabetes orienta sobre os mitos e verdades dos produtos alimentícios indicados para as pessoas com a doença.

    1. Diabéticos não podem comer beterraba

    MITO. As pessoas com diabetes podem consumir beterraba, pois ela é uma boa fonte de fibras, vitaminas e minerais e poderá fazer parte da dieta, elaborada pelo nutricionista.
     
    2. Frutas como banana, uva, caqui, manga e melancia, devem ser excluídas da alimentação dos diabéticos pois aumentam muito o açúcar no sangue

    MITO. Estas frutas são ricas em vitaminas, minerais e fibras e contêm açúcar natural (frutose e glicose). Quando consumidas em quantidades adequadas e distribuídas corretamente ao longo de um dia de alimentação, não prejudicam a saúde da pessoa que tem diabetes. Se consumidas em excesso, assim como qualquer fruta, poderão aumentar a glicemia.

    3. Pessoas com diabetes devem comer pão somente dormido (amanhecido) ou torrado porque não faz mal para o diabetes

    MITO. O pão francês é um alimento que faz parte da dieta do brasileiro e uma importante fonte de carboidrato na alimentação. O carboidrato é o nutriente que mais afeta a glicemia, pois quase 100% dele é convertido em glicose (açúcar). Assim, não importa a forma de preparo ou de consumo do pão, um pão francês de aproximadamente 50g terá sempre 28g de carboidrato, estando ele torrado ou dormido. Portanto, o correto é consumir esse alimento sempre orientado pelo nutricionista.

    4. Diabéticos não podem comer arroz e feijão

    MITO. Durante muitos anos, algumas crenças foram criadas sobre a ingestão de arroz e feijão. Alguns diziam “engorda”, outros que “diabético não pode comer”, porém, hoje sabe-se que principalmente o feijão é um dos alimentos mais ricos em fibras solúveis e amido resistente (outro tipo de fibra) e faz parte do hábito alimentar do brasileiro. A presença desse tipo de fibra torna a digestão mais lenta, algo importantíssimo para menor elevação da glicose no sangue. Outro aspecto relevante é a saciedade que o feijão proporciona, resultado desse mesmo processo de digestão.
     
    5. Produtos “diet” são feitos para diabéticos e podem ser consumidos à vontade

    MITO. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) pode ser chamado de alimento diet aquele que é isento de algum nutriente. Isso significa que nem sempre ele é isento de carboidrato – pode ser em gordura ou sódio, por exemplo. Algumas marcas de chocolate, por exemplo, apresentam maior teor de gorduras e pouca ou nenhuma diferença em carboidrato, ou seja, nem sempre o chocolate diet é a melhor escolha. Para boas escolhas é importante comparar os rótulos dos alimentos e, em caso de dúvidas, consultar um nutricionista.

    quarta-feira, 26 de outubro de 2011

    Colégio é acusado de aplicar questões do Enem antes da prova

    Ministério Público pedirá anulação do Enem 2011. Escola apura as denúncias

     
     
    Daniel Aderaldo, iG Ceará | 26/10/2011 10:57 - Atualizada às 12:53
        O colégio e cursinho pré-vestibular Christus, um dos principais grupos educacionais do Ceará, é acusado nas redes sociais de ter distribuído aos seus alunos apostilas com questões idênticas ou muito parecidas com as do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) uma semana antes das provas. De acordo com relatos de estudantes e denúncias recebidas pelo iG, 14 questões são iguais ou muito parecidas com as do Enem.
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        O Ministério Público do Ceará irá encaminhar uma recomendação ao Ministério da Educação (MEC) de anulação do Enem 2011. Após ser procurado na terça-feira (25) por candidatos do exame, o procurador da República Oscar Costa Filho constatou irregularidade ao analisar o material e encontrar 13 questões idênticas às aplicadas no Enem. As questões com conteúdo antecipado, segundo o MPF, foram as seguintes: no 1º dia, prova amarela, nº 87, 46, 50, 74, 57, 34, 33, 32 e 2º dia, prova amarela, 113, 180, 141, 173 e 154.

        Para o procurador da República Oscar Costa Filho, o problema de vazamento de provas se repete assim como nos anos anteriores. "É necessário que se imponha, de uma vez, a constitucionalidade no Enem, que significa o direito de recorrer em caso dos candidatos se sentirem prejudicados", explica o procurador em nota.

        Foto: Reprodução Ampliar
        Colégio Christus teve nota alta no Enem 2010 (reprodução do site)

        O MEC declarou que está monitorando as referências ao Enem nas redes sociais desde a realização do exame e, assim que apareceram as denúncias envolvendo o colégio Christus, revisou todas as medidas de segurança e não encontrou nenhum registro de que a prova tenha sido violada. No entanto, nesta quarta-feira, em função da grande repercussão do caso, acionou a Polícia Federal para investigar a origem e a procedência das informações.


        Se confirmado o vazamento da prova, o governo estuda excluir os 639 alunos do colégio Christus do exame e oferecer a eles a possibilidade de refazerem o Enem nos dias 28 e 29 de novembro, quando será aplicado nos presídios. O MEC ainda informou que, se a escola tem mesmo responsabilidade na antecipação das questões, o diretor poderá ser responsabilizado civil e criminalmente.

        O diretor do Christus, Davi Rocha, afirmou que a escola apura as denúncias e irá se pronunciar ainda nesta quarta-feira (26). Em entrevista ao iG, Rocha não negou nem confirmou a distribuição das apostilas, disse apenas que o banco de questões do colégio é “muito vasto”. “Soubemos disso ontem à noite e estamos examinando”, afirmou.

        Segundo o iG apurou, alunos de outra grande escola de Fortaleza, a Farias Brito, souberam por meio de colegas do Christus sobre o suposto favorecimento e começaram a divulgar o assunto nas redes sociais. Jorge Cruz, diretor de uma das unidades do Colégio Farias Brito, disse que a instituição não tem relação com a denúncia. Segundo ele, a maioria de seus alunos que fizeram o exame estava satisfeita com o resultado que obteve. Mas os estudantes ficaram indignados quando souberam do suposto vazamento. "A gente viu isso por meio das redes socias. Nossos alunos se sentiram prejudicados, apesar de a maioria ter se saído muito bem. Não queríamos que a anulação", disse Cruz.

        Em sua página na internet, o colégio Christus comemora ter obtido a nota mais alta no Enem 2010, considerando todas as sedes.

        terça-feira, 25 de outubro de 2011

        Pesquisa associa insônia a risco maior de infarto

        Pessoas com problemas para conciliar o sono tiveram quase o dobro do risco de ter um infarto quando comparadas a quem dormia bem

        AFP | IG
         
        Foto: Getty Images Ampliar
        Insônia: estudo vinculou problema a um maior risco de infarto

        Um estudo norueguês, publicado esta segunda-feira, sugere que pessoas com problemas de sono correm um risco de 27% a 45% maior de sofrer um ataque cardíaco.

        Cerca de um terço das pessoas reclamam de problemas para dormir e precisam recorrer a ajuda médica, informaram os autores do estudo, publicado na revista Circulation, publicação da prestigiada Associação Americana de Cardiologia.


        "Problemas de sono são frequentes e bastante fáceis de tratar", afirmou Lars Erik Laugsand, principal autor deste estudo e pesquisador do Departamento de Saúde Pública da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, em Trondheim.

        "Por isso, é importante que as pessoas sejam conscientes desta relação entre a insônia e os ataques cardíacos e falem com seu médico se estão com sintomas", acrescentou.


        Os dados foram coletados com 52.610 adultos noruegueses que responderam a uma pesquisa nacional sobre sintomas de insônia entre 1995 e 1997.
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        Durante os 11 anos seguintes, os cientistas identificaram 2.368 pessoas que tiveram seu primeiro ataque cardíaco com base nos informes hospitalares e no registro nacional norueguês sobre causas de óbito.

        Depois de ajustar fatores como idade, sexo, estado civil, nível educacional, pressão arterial, colesterol, diabetes, peso, atividade física, turno de trabalho, depressão e ansiedade, os cientistas identificaram um risco maior naqueles que relataram mais problemas para dormir.

        Quando comparados os dados de pessoas que relataram dormir bem de forma geral com os de indivíduos que contaram ter problemas para conciliar o sono quase que diariamente no último mês, constatou-se um risco 45% maior de infarto no segundo grupo.

        Faça o teste e descubra: Qual é o seu estilo de sono?

        Os que disseram conseguir conciliar o sono, mas não dormir durante toda a noite, demonstraram um risco 30% maior de sofrer ataque cardíaco coração do que o grupo de indivíduos que disse dormir bem. Aqueles que contaram não acordar revitalizados demonstraram ter um risco 27% maior.

        Embora os cientistas tenham advertido que os padrões de sono podem variar de uma população para outra, um vínculo similar entre insônia e doenças cardiovasculares já tinha sido sugerido em um estudo feito nos Estados Unidos.

        Como ajudar adolescentes a se defender do cyberbullying

        Para especialista norte-americana, jovens não entendem o impacto do problema porque não estão cara a cara com a vítima

         
        NYT / IG
         
         
        Foto: Getty Images Ampliar
        Adolescentes não entendem impacto do cyberbullying pois não estão cara a cara com a vítima

        Os “cyberbullies” atormentam e agridem virtualmente colegas de classe e conhecidos porque não veem as consequências imediatas de suas ações e, equivocadamente, acreditam que suas publicações, tweets ou e-mails não podem ser rastreados, de acordo com uma especialista no assunto.


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        “Se uma garota posta um comentário maldoso na rede, ela não precisa testemunhar a reação do alvo ferido”, explicou Brandie Oliver, professora assistente de conselho escolar da Universidade de Butler, em Indianápolis, nos Estados Unidos, e supervisora de um programa de aconselhamento para jovens do ensino médio. “Muitos estudantes postam mensagens que nunca diriam em uma situação cara a cara”.


        As crianças deveriam ser ensinadas a tomarem conta de si mesmas – tanto em tempo real como no ciberespaço, disse Oliver. “As crianças precisam se pronunciar e comunicar às outras crianças, especialmente as que praticam o bullying, do que elas precisam e o que elas não querem”, explicou a especialista em um comunicado da Universidade.


        Como uma onda de suicídios nos Estados Unidos colocou os holofotes sobre o cyberbullying, Oliver destacou algumas maneiras de ajudar os jovens a sobreviverem aos ataques digitais e, também, protegerem a si mesmos de futuras agressões:

        • Só aceite amigos que sejam conhecidos e confiáveis em sua rede.
           
        • Não participe de bullying virtual, fofocas ou compartilhamento de fotos e vídeos embaraçosos – sejam eles seus ou de outra pessoa.

        • Entenda que qualquer mensagem, foto ou vídeo postado na rede pode ser visto e comentado por outros.
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        Entendendo o mundo virtual


        Os pais devem se envolver e ajudar os filhos a entenderem o mundo virtual, como aconselhou Oliver. Segundo ela, devem limitar o acesso à internet se acreditam que seus filhos adolescentes não são capazes de lidar com o drama cansativo que pode acontecer na rede.


        Oliver contou que sua própria filha adolescente “diz que todo mundo tem uma conta no Facebook. Eu sei que não é verdade, e eu não sinto que minha filha esteja pronta para dar esse passo digital. Você precisa permanecer firme em sua decisão e permanecer como um pai”.


        Os pais também devem levar os filhos a realizar atividades que construam a autoconfiança e os ajudem a se defender do bullying em potencial que podem sofrer. “Crianças com autoconfiança têm um escudo embutido contra o bullying”, afirmou ela.

        Oliver acrescentou que os jovens devem ser encorajados a defender outras crianças que sejam vítimas de bullying e relatar qualquer tipo de assédio ou bullying a um adulto.

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        (Tradução: Renata Losso)