A fase é caracterizada por comportamentos inevitáveis, mas evitar o estresse depende em boa parte da condução dos pais
Eles já não querem mais dar as mãos para atravessar a rua. E programas antes divertidíssimos já não têm a menor graça. Adolescer é uma grande reviravolta, tanto para quem deixa de ser criança como para os pais, raramente preparados para vivenciar esta fase com a naturalidade que gostariam.
“A sensação que eu tive é que as mudanças aconteceram do dia para a noite”, conta Patricia Herrera Versolato, mãe de Gabriel, 12 e Beatriz, 11. “É incrível como eles começam a ser seletivos, específicos e tão bem informados em relação ao que gostam e principalmente, ao que querem. A roupa que sempre usaram, o celular que tinham, o passeio para o sítio. De repente, não é mais nada disso e sim a blusa X, o celular Y e o cinema e o lanche com os amigos que passam a fazer sentido”, conta.
Para os pais, é difícil entender a mudança do próprio papel na vida dos filhos. “É como se não bastássemos mais, pois não suprimos mais todas as necessidades da Meily”, conta Iara Regina Soares Chao, mãe de filha única e adolescente, de 14 anos. “Ela ficou bem mais independente e mais reservada também. Quando era mais nova, me contava tudo. Hoje ela me fala da escola, dos amigos, sei da sua rotina, onde está, com quem, mas sobre assuntos mais íntimos ela não me fala mais”, compara a mãe.
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“Perceber que já não estão mais incluídos em tudo pode ser um processo doloroso, mas é preciso encarar os fatos com respeito, disponibilidade e abertura”, recomenda aos pais Clarissa Metzger, psicanalista e doutoranda em psicologia clínica da USP.
A fase pode servir como um excelente momento de revisão dos pais sobre si mesmos. Na adolescência, os jovens inciam um encaminhamento para o mundo adulto e por uma identidade própria. Por isso, o distanciamento dos pais é necessário e sadio. “Se o adolescente tem amigos, mantém suas atividades, segue sua vida e apenas não opta por falar isto ou aquilo, ele tem que ser respeitado. O importante é que o ambiente seja propício ao diálogo e que os pais estejam atentos”, diz o hebiatra (médico especialista em adolescentes) Maurício de Souza Lima.
Permitir que o filho ganhe seu próprio espaço sem fechar as portas para o diálogo é o caminho. “Em algum momento seu filho ou sua filha vai querer contar o que até então era um segredo, ou vai dar algum sinal. Eles precisam dos pais”, completa Maurício.
A fase pode servir como um excelente momento de revisão dos pais sobre si mesmos. Na adolescência, os jovens inciam um encaminhamento para o mundo adulto e por uma identidade própria. Por isso, o distanciamento dos pais é necessário e sadio. “Se o adolescente tem amigos, mantém suas atividades, segue sua vida e apenas não opta por falar isto ou aquilo, ele tem que ser respeitado. O importante é que o ambiente seja propício ao diálogo e que os pais estejam atentos”, diz o hebiatra (médico especialista em adolescentes) Maurício de Souza Lima.
Permitir que o filho ganhe seu próprio espaço sem fechar as portas para o diálogo é o caminho. “Em algum momento seu filho ou sua filha vai querer contar o que até então era um segredo, ou vai dar algum sinal. Eles precisam dos pais”, completa Maurício.
Filhos adolescentes precisam saber que os pais estão por perto, ao mesmo tempo em que ganham espaço
Do “poder de mando” ao “papel de conselheiro”
Ao pedir um pequeno favor, a resposta é “que saco”. Um programa sem a companhia perfeita tende para “o tédio absoluto” e qualquer sinal de preocupação é recebido com um “tá, já sei, liga quando chegar lá”. Conviver quase que diariamente com a língua afiadíssima dos adolescentes exige não só paciência, mas uma busca constante na memória dos próprios pais.
“Procuro sempre me lembrar que também passei por essa fase. É um período de muitas mudanças e conflitos. Eles precisam sentir que estou por perto, que podem contar comigo para tudo que quiserem. Preciso orientá-los para se sentirem seguros daqui para frente”, acredita Patricia.
A lembrança dos próprios tempos de adolescência também é uma fonte de soluções para pais e mães em dúvida. “Já na minha adolescência eu pensava em como iria educar minhas filhas nesta fase, talvez porque não tive uma relação tão bacana com meus pais nesse período. Então eu sempre preferi errar tentando acertar do que fingir que não estou vendo nada”, afirma Gisleine Hasson, mãe de Clara, 13.
Assegurar uma adolescência sadia é sem dúvida o desejo de todos os pais. Neste quesito, uma primeira infância vivida com incentivo a escolhas, feitas dentro de algumas possibilidades, já favorece uma relação futuramente mais tranquila entre pais e adolescentes.
“A grande dificuldade é lidar com a transição entre o poder de mando e o papel de conselheiro. Isso sempre traz muitas idas e vindas. Mas são os pais que devem encontrar medidas, saber quando não agir por medo e quando suportá-lo para promover experiências fundamentais para o crescimento dos filhos”, resume Miguel Perosa, professor de psicologia da PUC SP e psicoterapeuta de adolescentes e adultos.
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Meu filho não quer ir à faculdade, e agora?
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