No momento em que reivindicamos, dos governos, o cumprimento da Lei do Piso e, também, mais investimento para que a educação seja algo significativo na vida do aluno e promova as mudanças que o contexto atual exige, acredito que o pensamento de Paulo Freire, transcrito abaixo, seja uma excelente lição. Vejamos:
“[...]
A briga me faz, a briga me constitui, a briga me forma; ela é pedagógica. O que eu acho é que, como a briga é histórica, a forma de brigar muda. Por exemplo, no momento atual, com a globalização da economia é preciso que a classe trabalhadora invente novas maneiras de brigar. O que ela não pode é parar de brigar. A forma como ela brigou há vinte anos não faz mais sentido.
A classe docente precisa também reinventar suas brigas. Precisamos, todos nós, brigar para que sejamos mais decentemente tratados. Há um desrespeito vergonhoso e aviltante do Poder Público neste país, desde que inventaram a sociedade brasileira até hoje, com relação à educação de modo geral e com relação à prática docente. A história da educação brasileira é muito clara nisso.
Quem quiser se enfronhar com relação ao desrespeito do Poder Público com a tarefa pedagógica é só ler um pouco sobre a história do Brasil. A briga da gente tem que ser tal que, um dia, nenhum homem do governo tenha mais a coragem e o direito de fazer o seguinte discurso: os professores têm razão: ganham pouco, mas nós não temos dinheiro. Esse discurso precisa ser proibido. E quando eu digo proibido não é com a ação da polícia; é não haver mais condição ética nenhuma, nem política, para que um chefe de Estado possa fazer esse discurso. E eu não tenho dúvida nenhuma de que é possível chegar a esse dia se nós brigarmos, mas se brigarmos coerentemente e ganharmos a compreensão da sociedade civil.”
Paulo Freire
(Infelizmente, a nossa forma de brigar, embora legítima, não tem conquistado a compreensão da sociedade. Talvez, por isso, os governantes nos tratam com tanto descaso. Pensemos nisso.)
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