sexta-feira, 2 de março de 2012

Você é louco pelo quê?

 

Os prazeres cotidianos são extremamente importantes e cumprem um papel fundamental numa vida motivada e feliz


Verônica Mambrini, iG Delas |



Foto: Arquivo pessoal Ampliar
É raro o dia em que a chocólatra Karen fica sem chocolate

O chopinho com os amigos, a trilha sonora nossa de cada dia, o chocolatinho no fim da tarde. Quem não cultiva um pequeno prazer? Algumas pessoas levam tão a sério seus gostos e preferências que são tachadas de “viciadas” naquilo que gostam. Nem sempre é para tanto.

“Gostar de ler, de futebol ou de internet não é vício. É vício quando passa a perturbar outros prazeres na sua vida”, explica a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, autora de “Sexo, drogas, rock’n’roll & chocolate – o cérebro e os prazeres da vida cotidiana”.

A neurociência explica, existe uma distância entre prazer e vício
Faça os testes do Delas
É ótimo ser louco por alguma coisa. “Quanto mais prazer você sente, mais capacidade de sentir e encontrar prazer em outras coisas”, afirma Suzane.

Um bom exemplo é o exercício: quem encontra uma atividade física que gosta e começa a praticar, em poucos dias percebe que seu interesse e sua motivação por outras coisas e aspectos da vida aumentam. Faça o teste. Só não vale uma atividade que a pessoa não goste, porque o corpo entende como estresse.

Sem prazer seríamos dominados pela depressão
O prazer está longe de ser uma futilidade. “A ausência completa dele é a depressão profunda, que faz você não sair da cama porque o cérebro não encontra um motivo”, afirma a neurocientista.

A dose faz toda a diferença: o sinal de alerta acende quando um prazer se torna dependência. “O vício se forma quando a dose habitual de alguma coisa não é mais suficiente para dar prazer. Por isso que você precisa de uma quantidade ou intensidade cada vez maior para ter a mesma sensação", diz Suzana. É como se o cérebro de "blindasse" para se proteger de uma overdose de estímulos.

Há dois principais fatores que determinam o que vai detonar esse gatilho da recompensa: predisposições genéticas e experiências individuais. Um bom exemplo são as pessoas que adoram sabores amargos. “Quem é pouco sensível ao sabor amargo consegue apreciar sabores que os outros sequer toleram. É uma variação genética. Combinado com a história de vida, como uma boa lembrança associada, uma pessoa pode extrair um prazer extraordinário de algo que ninguém mais vai gostar”, explica Suzana.

Portanto, pode cultivar seus prazeres inocentes sem culpa. “A melhor maneira de viver com qualidade é justamente aprender a identificar o que nos faz bem e cultivar”, diz Suzana.

Agora leia histórias de pessoas que contaram para o Delas como se relacionam com suas paixões na vida.

Karen Polaz, louca por chocolate

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