O palpite tem mais chances de estar certo se a pessoa tiver alguma informação sobre o assunto e confiar na intuição
Há um ano, a ilustradora Ila Fox, 29 anos , estava com o destino decidido para as férias. Iria para o Chile com o marido, e de quebra, conheceriam a Ilha de Páscoa. Guias comprados, roteiros sendo definidos, e sem nenhum motivo, ela “pegou bode” da viagem. “Eu desanimei. Resolvemos ir para Pernambuco, conhecer Porto de Galinhas, em vez de ir para o Chile.” Da praia, o casal acompanhou pelo noticiário quando aconteceu um terremoto no Chile. “Estaríamos justamente na Ilha de Páscoa, onde houve até alerta de tsunami. Se tivéssemos ido, a viagem estaria acabada na metade!”, diz a ilustradora.
Para os pesquisadores da Columbia Business School, a intuição de Ila não tem nada de sobrenatural. Intuição é conhecimento acumulado!
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É esse conhecimento acumulado, que nossa intuição resume para nós, e que nos permite fazer melhores previsões. É uma janela que os raciocínios mais analíticos bloqueariam.
“Quando confiamos em nossa intuição, o que parece certo ou errado resume o conhecimento e as informações que adquirimos conscientemente e inconscientemente sobre o mundo ao redor. É esse conhecimento acumulado, que nossa intuição resume para nós, e que nos permite fazer melhores previsões. É uma janela que os raciocínios mais analíticos bloqueariam”, diz Michel Plan, da Business, Marketing, Columbia Business School, que conduziu um estudo recente sobre os efeitos da intuição.
Em janeiro do mesmo ano, Ila tinha acompanhado o forte terremoto no Haiti. “Na época, eu pesquisei que o maior terremoto do mundo foi no Chile”, lembra. Não foi o primeiro insight de Ila: ela sempre tenta ouvir intuições. A última vez que não ouviu, se arrependeu. “Voltando de viagem de novo, tive vários pensamentos ligados a câmeras. Quando fui ver, tinha esquecido a minha no avião e teria daria tempo para recuperar se eu tivesse checado na hora se ela estava comigo mesmo”.
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...quem acredita na intuição tem mais chance de prever eventos futuros, um efeito apelidado de “oráculo emocional”.
De acordo com o estudo conduzido pela Columbia Business School, quem acredita na intuição tem mais chance de prever eventos futuros, um efeito apelidado de “oráculo emocional”. Em uma série de oito estudos em que os participantes foram solicitados a predizer eventos futuros, como as chances do candidato democrata para a eleição americana de 2008, o vencedor do American Idol, as tendências no índice Dow-Jones, o vencedor da liga universitária de futebol americano e até a previsão do tempo, os resultados mostraram que os que confiavam mais na intuição tinham uma tendência maior de acertar o resultado final do que os que não confiavam nos insights.
Os pesquisadores usaram diversas metodologias para avaliar e medir a confiança dos participantes na própria intuição. Independente do método, os que confiaram foram mais precisos nas previsões do que o grupo de controle. Numa das pesquisas, envolvendo a candidatura de Clinton ou Obama em 2008, os 72% dos confiantes na intuição previram corretamente Obama, contra 64% dos não confiantes na intuição.
No American Idol, a diferença era de 41% de acerto no vencedor para os confiantes contra 24% dos pouco confiantes. Em outro estudo, os participantes tiveram de predizer os índices da Dow Jones. Os confiantes foram 25% mais precisos.
De acordo com os pesquisadores, a teoria funciona de forma mais exata quando os participantes da pesquisa têm informação relevante sobre o assunto. Por exemplo, em um dos testes, os participantes que confiavam na intuição acertavam mais a previsão do tempo, porém só quando ela se referia a locais perto da casa deles, não cidades em outros países.
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...os resultados mostraram que os que confiavam mais na intuição tinham uma tendência maior de acertar o resultado final do que os que não confiavam nos insights.
Se tivermos uma base sólida de conhecimento sobre determinado assunto, o futuro não precisa ser totalmente indecifrável, mas precisamos aprender a deixar nossa intuição falar.
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