quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Por que elas têm idades iguais e aparências tão diferentes?

Viral da web comparando a guru do bem-estar Gillian McKeith com a cozinheira Nigella Lawson esqueceu de falar do peso da genética

 
Lívia Machado, iG São Paulo

 
Foto: Reprodução Ampliar
Montagem permanece nos perfis de usuários do Facebook

Qual a receita de um bom viral? Junte fotos polêmicas, pessoas conhecidas, faça uma legenda tendenciosa e publique em uma rede social que fermente a história.

Na última semana, Gillian McKeith, nutricionista e apresentadora do programa americano “Você é o que você come”, que propõe mudanças radicais no comportamento alimentar das famílias participantes, e a cozinheira britânica Nigella Lawson, à frente de um programa de TV que ensina a fazer delícias gastronômicas e comer sem culpa, foram personagens involuntários de intensos debates virtuais.

Uma montagem comparando a pele e a aparência das duas – elas têm a mesma idade: 51 anos – foi publicada no Facebook e rendeu não apenas comentários, mas apologias ao consumo irrestrito de gorduras e ao sedentarismo.

Não é para menos. As fotos mostram Gillian, paladina da saúde e do bem-estar, com uma pele bastante deteriorada pelo sol, enrugada e flácida. Do outro lado, uma Nigella menos encanada com dietas e padrões alimentares corretos ostenta uma cútis perfeita, lisa e reluzente.
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Antes de se desanimar e ceder à tentação de comer sem moderação alguma é preciso entender o que existe por trás das imagens.

As duas mulheres, apesar de terem idades iguais, têm genéticas distintas e provavelmente mentiveram comportamentos diferentes ao longo de suas vidas.

Alimentação, uso de drogas, álcool, tabagismo e estresse representam um terço dos danos causados à pele. O comportamento de risco, embora prejudicial, não é determinante – representa módicos 30% dos danos sofridos, pontua Alexandre Filippo, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira e da Academia Americana de Dermatologistas.

“Genética desfavorável e excesso de exposição ao sol, principalmente até os 30 anos, são as principais causas de flacidez, rugas e do envelhecimento precoce”, endossa o especialista.

Segundo Filippo, a alimentação irregular é prejudicial ao equilíbrio do corpo, mas não influencia diretamente na saúde da pele. “É um fator secundário, que pouco compromete a pele de quem tem uma genética boa, como, provavelmente, é o caso da Nigella.”

Loteria?

Contra a genética, pouco se pode fazer. É loteria. Embora o fator sorte seja um dos mais relevantes na dermatologia, ele não garante uma pele viçosa e brilhante para sempre. Cuidados e tratamentos ajudam a potencializar o valor da herança familiar, endossam os médicos.

Hoje, inúmeros tratamentos podem reduzir os danos da pele combalida, alivia Silvia Nahas, dermatologista do Hospital Sirio Libanês. De acordo com a especialista, é possível reverter 50% dos problemas escancarados no rosto de Gillian, a nutricionista americana.
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“A sensação que a imagem passa é de que ela não cuidou da flacidez e da superfície da pele. O afinamento é nítido. Cremes, peeling e laser são bons tratamentos para estimular a produção de colágeno. Hidratam os vasos, fecham os poros e amenizam as manchas. Além disso, nessa idade, a menopausa é outro vilão, pois a pele perde o viço.”

Excessos de restrições alimentares e atividade física de impacto também são prejudiciais, aponta a médica.
 
“A mulher depois dos 50 anos não pode ficar sem comer proteína. A corrida, quando praticada intensamente, também envelhece bastante. O impacto provoca mais flacidez. Nessa idade o indicado é optar por exercícios como a musculação e o pilates.”

No caso da cozinheira Nigella, o sobrepeso também alivia as marcas do tempo. Silvia ressalta que embora a alimentação não seja um fator relevante no aspecto da pele, açúcares e gorduras, são, sim, nocivos, principalmente na meia-idade.

“O rosto mais rechonchudo mascara rugas e sinais da idade, mas o açúcar destrói as células da pele de uma forma mais intensa do que a gordura, não pode ser absolvido.”

A polêmica, na visão dos médicos, serve como alerta para a prevenção. Independente da veracidade das imagens, o que deve restar em mente é que quanto mais cedo a pele for tratada com cuidado e atenção, menores os impactos futuros.

Depois, segundo Silvia, basta tomar uma taça de vinho tinto por dia para combater radicais livres e manter-se longe (e protegido) do sol para que a o rosto tenha apenas sinais de uma vida bem vivida.

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