sábado, 14 de abril de 2012

USP tem mais alunos vindos de escola pública em 2012

Porcentual de aprovados que fez pelo menos parte do estudo anterior em instituições do governo subiu de 25,8% para 28%


Cinthia Rodrigues, iG São Paulo


A Universidade de São Paulo (USP) divulgou nesta sexta-feira que houve aumento no número de estudantes aprovados no vestibular que são oriundos de escolas públicas. Ao final da última chamada para matrícula, 3.032 inscritos que fizeram ao menos parte dos estudos anteriores em instituições municipais, estaduais ou federais foram convocados. O total representa 28,03% do total de vagas, contra 25,84% no ano anterior.

Foto: Amana Salles/Fotoarena
Vestibulandos no último dia de provas por uma vaga na USP

Entre estes, apenas 319 alunos (ou 2,95% do total), optaram pelo Pasusp, modalidade de bônus de até 15% na nota restrito a quem fez todo o estudo em escola pública. Um deles foi aprovado em Medicina. Os demais podem ter feito só o ensino médio - e com isso ter tido direito ao bônus de até 8% do Inclusp -, ter feito só o fundamental, ou ter se inscrito sem optar pelo bônus.
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A pró-reitora de graduação, Telma Zorn, afirmou que não há uma meta estabelecida para os próximos anos. “Deveria ser mais, mas isso não depende da USP e sim da melhora no sistema público de ensino no País”, disse.

No ano passado, uma série de mudanças no vestibular incluiu alteração no sistema de bônus para quem cursou escola pública e o aumento da nota mínima de corte para a segunda fase. “Não vamos fazer a mínima mudança para o ano que vem. A universidade precisa de massa qualificada. Enquanto as escolas públicas não fizerem seu papel, vamos ficar neste patamar”, afirmou Telma. Apesar disso, ela apresentou um quadro comprovando que, ao final do curso, estudantes oriundos ou não de escola pública tem desempenho igual, com média de 6,5.

Renda é proporcional

Com o aumento dosegressos de escola pública, cai a renda média familiar dos estudantes da USP. Enquanto entre todos os aprovados, mais de 50% têm famílias com mais de sete salários mínimos de renda e 12% de mais de 20 salários, entre os que participaram de qualquer de qualquer programa de bônus esses porcentuais caem respectivamente para 24% e 1,9%. Quando considerados apenas os ingressantes por Pasusp, apenas 12% têm renda familiar acima de sete salários mínimos e ninguém chega aos 20 salários mínimos.

Os atuais 28% de ingressantes que vieram de instituições públicas ainda estão abaixo do total atingido em 2009, quando foram 29,62%. Para o coordenador do grupo que propôs as mudanças no vestibular, Mauro Bertotti, isso vai mudar aos poucos conforme a classe média perceba o benefício do bônus e passe a levar em conta este fator na hora de matricular o filho. "Se mais gente for para escola pública, ela também tende a melhorar e, com as políticas de bônus, mais gente entrará em faculdades públicas."

Sobra de vagas

Das 10.819 vagas disponíveis para este ano, 184 ou 1,7% não foram preenchidas. O número de 2011 não foi divulgado, mas segundo a pró-reitoria era “um pouco menor”. Uma alteração no sistema de oferecimento de vagas remanescentes pode ter causado a sobra maior.

Em 2012, a USP deixou de fazer 4ª chamada para substitui-la por um sistema chamado reescolha. Por este processo, alunos que tiveram boas notas, mas não chegaram a ser aprovados para os cursos altamente concorridos que tentavam, puderam mudar a opção de carreira e ingressar em áreas menos disputadas.

Esta seleção foi aberta para 13 mil alunos e 740 foram aprovados para preencher todas as vagas remanescentes, mas apenas 445 confirmaram a matrícula. Foi feita uma nova rodada de reescolha, porém, ainda restaram 184 vagas.

Monitoria
A pró-reitor também anunciou que a universidade introduzirá ainda este ano uma bolsa de R$ 400 para ingressantes de escolas públicas que passem por um sistema de tutoria com um professor. O programa batizado de “mentoring” dará aos docentes participantes viagens de estudo como prêmio.

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