Psicóloga Elizabeth Monteiro sugere caminhos para se libertar da culpa em novo livro. Leia entrevista
“Onde foi que eu errei?” é uma pergunta inevitável para todas as mães. De tanto se deparar com o questionamento, a psicóloga Elizabeth Monteiro escreveu o recém-lançado livro “A Culpa é da Mãe” (Summus Editorial), com prefácio de Lya Luft, em que conta as próprias aventuras como mãe de quatro filhos e mostra que não há outra fórmula para ser mãe além de ser você mesma.
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A mãe francesa educa melhor os filhos?
Veja abaixo a conversa que tivemos com ela e pense duas vezes antes de se sentir culpada pelo filho que foi mal na prova de matemática ou por tê-lo colocado de castigo quando ele aprontou.
iG: Como surgiu a ideia do livro?
Elizabeth Monteiro: Os meus livros sempre surgem por causa das demandas que recebo em consultório. E com “A Culpa é da Mãe” não foi diferente. Percebi o quanto as mães se culpam por erros reais e imaginários e se queixam quando o mundo as culpa, então escrevi esse livro em favor das mães culpadas, que estão cansadas e são supercobradas.
Nenhuma criança precisa de uma mãe perfeita. As mães ficam buscando modelos nos outros, mas não precisam de fórmulas. Basta olhar para dentro de si e agir de acordo com os próprios valores. Mães culpadas perdem o referencial e passam para o filho uma sensação de abandono por culpa da insegurança que sentem.
iG: Todas as mães se sentem culpadas?
Elizabeth Monteiro: A maioria. Nunca conheci uma mãe que não se sentisse culpada por algum motivo. Se o filho não nasce do jeito que as pessoas esperavam, se o filho não tem sucesso na escola... Elas se culpam pelo fracasso dos filhos porque são as maiores responsáveis pela educação da criança. Claro, nem sempre é assim, mas atualmente a mãe costuma ser a enfermeira, a motorista, a educadora. Ela desempenha muitos papéis e essa culpa sempre sobra para ela.
Faça o teste: que tipo de mãe você é na educação dos seus filhos?
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Elizabeth Monteiro: Os meus livros sempre surgem por causa das demandas que recebo em consultório. E com “A Culpa é da Mãe” não foi diferente. Percebi o quanto as mães se culpam por erros reais e imaginários e se queixam quando o mundo as culpa, então escrevi esse livro em favor das mães culpadas, que estão cansadas e são supercobradas.
Nenhuma criança precisa de uma mãe perfeita. As mães ficam buscando modelos nos outros, mas não precisam de fórmulas. Basta olhar para dentro de si e agir de acordo com os próprios valores. Mães culpadas perdem o referencial e passam para o filho uma sensação de abandono por culpa da insegurança que sentem.
iG: Todas as mães se sentem culpadas?
Elizabeth Monteiro: A maioria. Nunca conheci uma mãe que não se sentisse culpada por algum motivo. Se o filho não nasce do jeito que as pessoas esperavam, se o filho não tem sucesso na escola... Elas se culpam pelo fracasso dos filhos porque são as maiores responsáveis pela educação da criança. Claro, nem sempre é assim, mas atualmente a mãe costuma ser a enfermeira, a motorista, a educadora. Ela desempenha muitos papéis e essa culpa sempre sobra para ela.
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iG: Desde quando elas se cobram? Por que esse peso acompanha a maternidade?
Elizabeth Monteiro:
Elizabeth Monteiro:
Essa coisa da mãe, da maternidade, da criança ser tratada como criança é muito recente. Até o século XIX as crianças eram tratadas como adultos. A partir do século XX surge a mulher como a grande matriarca e, com isso, a culpa. É aquele antigo chavão: “Ser mãe é padecer no paraíso”. E hoje, se elas não estão se cobrando, o mundo as está cobrando.
Hoje existe essa cultura da perfeição e as mães se cobram mais do que poderiam e deveriam. Os comerciais mostram as famílias maravilhosas que estão distantes da vida real e esquecemos que o filho precisa conhecer a mãe do jeito que ela é, com o lado bom e o lado ruim. Errar é humano e as crianças precisam aprender a lidar com isso também. Afinal, na sociedade, elas se depararão com todos os tipos de pessoas.
iG: Hoje elas se culpam mais do que antigamente? Por quê?
Elizabeth Monteiro: Hoje as mulheres podem ser chefes de família. Mas isso também traz um ônus: além do papel de mãe, elas assumem papéis profissionais. Porque elas passam menos horas com os filhos, se sentem ainda mais culpadas. Se antigamente elas se culpavam somente porque o filho não se dava bem na escola, hoje elas se culpam pela falta de tempo para passar com eles, pela falta de paciência por estarem estressadas. Pela ausência em si.
Hoje existe essa cultura da perfeição e as mães se cobram mais do que poderiam e deveriam. Os comerciais mostram as famílias maravilhosas que estão distantes da vida real e esquecemos que o filho precisa conhecer a mãe do jeito que ela é, com o lado bom e o lado ruim. Errar é humano e as crianças precisam aprender a lidar com isso também. Afinal, na sociedade, elas se depararão com todos os tipos de pessoas.
iG: Hoje elas se culpam mais do que antigamente? Por quê?
Elizabeth Monteiro: Hoje as mulheres podem ser chefes de família. Mas isso também traz um ônus: além do papel de mãe, elas assumem papéis profissionais. Porque elas passam menos horas com os filhos, se sentem ainda mais culpadas. Se antigamente elas se culpavam somente porque o filho não se dava bem na escola, hoje elas se culpam pela falta de tempo para passar com eles, pela falta de paciência por estarem estressadas. Pela ausência em si.
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As crianças precisam de segurança e isso só pode ser passado por pais verdadeiros. É melhor dizer que não está com paciência para brincar hoje do que ceder à vontade do filho sem disposição, pensando no trabalho, impaciente.
iG: Como essa culpa se manifesta?
Elizabeth Monteiro: Elas se sentem fracassadas, sentem que não sabem fazer nada direito, que rejeitam o próprio filho. Ou ficam se comparando com a imagem que as outras mães passam e buscando receitas de perfeição, mas esquecem de que ninguém é perfeito e basta olhar para dentro de si. As crianças precisam de segurança e isso só pode ser passado por pais verdadeiros. É melhor dizer que não tem paciência para brincar hoje do que ceder à vontade do filho sem disposição, pensando no trabalho, impaciente. É melhor ser honesta, que a culpa não aparece. Se for brincar por obrigação, a mãe acabará se culpando por ter perdido a paciência, por não ter se envolvido, porque passou por cima do que sentia naquele momento.
Elizabeth Monteiro: Elas se sentem fracassadas, sentem que não sabem fazer nada direito, que rejeitam o próprio filho. Ou ficam se comparando com a imagem que as outras mães passam e buscando receitas de perfeição, mas esquecem de que ninguém é perfeito e basta olhar para dentro de si. As crianças precisam de segurança e isso só pode ser passado por pais verdadeiros. É melhor dizer que não tem paciência para brincar hoje do que ceder à vontade do filho sem disposição, pensando no trabalho, impaciente. É melhor ser honesta, que a culpa não aparece. Se for brincar por obrigação, a mãe acabará se culpando por ter perdido a paciência, por não ter se envolvido, porque passou por cima do que sentia naquele momento.
iG: Que consequências esse sentimento pode trazer para os filhos?
Elizabeth Monteiro:
Elizabeth Monteiro:
A criança acabará não conhecendo a mãe que tem. A mãe que uma hora deixa fazer uma coisa e, em outro momento, não. Essa mãe acaba gerando filhos ansiosos e inseguros, que querem ser perfeccionistas e que não podem errar. Que se culpam também e buscam culpar as outras pessoas no mundo.
Uma criança precisa de limites, precisa levar bronca e precisa de segurança, só que a mãe culpada fica em dúvida e passa mensagens duplas: castigam e depois pedem perdão, falam uma coisa e depois dizem outra. O filho crescerá inseguro, com a autoestima baixa e até menos inteligente do que poderia ser, porque cresce com essas mensagens duplas e está constantemente em dúvida em relação a si próprio. E não tem coisa pior para o desenvolvimento do que isso.
iG: E para a mãe, quais as consequências dessa culpa constante?
Elizabeth Monteiro: Baixa autoestima. E, com o tempo, a culpa leva à depressão.
Uma criança precisa de limites, precisa levar bronca e precisa de segurança, só que a mãe culpada fica em dúvida e passa mensagens duplas: castigam e depois pedem perdão, falam uma coisa e depois dizem outra. O filho crescerá inseguro, com a autoestima baixa e até menos inteligente do que poderia ser, porque cresce com essas mensagens duplas e está constantemente em dúvida em relação a si próprio. E não tem coisa pior para o desenvolvimento do que isso.
iG: E para a mãe, quais as consequências dessa culpa constante?
Elizabeth Monteiro: Baixa autoestima. E, com o tempo, a culpa leva à depressão.
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Quando a mãe sabe que, em um determinado momento, não pode dar mais o que dá e o filho terá que segurar a barra, essa atitude também vai ajudá-lo a crescer.
iG: Como as mães podem se livrar da culpa, ou diminuí-la?
Elizabeth Monteiro: Com o autoconhecimento. Se as mães buscarem saber dos porquês de agirem assim ou assado e se perdoarem, elas podem se livrar dessa culpa. Quando a gente se conhece profundamente descobrimos as razões de agirmos com culpa e passamos a mudar o comportamento e nos fortalecemos. E somos capazes de nos livrar de nossas culpas.
Elizabeth Monteiro: Com o autoconhecimento. Se as mães buscarem saber dos porquês de agirem assim ou assado e se perdoarem, elas podem se livrar dessa culpa. Quando a gente se conhece profundamente descobrimos as razões de agirmos com culpa e passamos a mudar o comportamento e nos fortalecemos. E somos capazes de nos livrar de nossas culpas.
Quando a mãe sabe que, em um determinado momento, não pode dar mais o que dá e o filho terá que segurar a barra, essa atitude também vai ajudá-lo a crescer. Além disso, as mães devem saber que os filhos são diferentes. Em alguns momentos, ela vai precisar dar mais atenção a um do que a outro e ter segurança disso. Com o autoconhecimento ela não vai mais entrar no papel de vítima, nem passar ao outro o papel de juiz.
iG: E como o pai dessa criança também pode colaborar para acabar com a culpa?
Elizabeth Monteiro: O papel do pai, até pouco tempo atrás, era somente de provedor. Mas hoje as coisas mudaram. Ter um pai participativo é parte da solução.
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