Estudo brasileiro pioneiro no mundo comprova que vírus também causa tumores em homens
O mesmo tipo de vírus que pode evoluir para um câncer de colo de útero entre as mulheres também provoca tumores malignos no pênis, comprova uma pesquisa brasileira pioneira no mundo.
Três em cada dez homens que têm câncer peniano – que pode levar a amputação e morte em casos mais graves – estão contaminados pelo HPV, sendo que a transmissão mais comum dele é via sexo sem proteção.
Guia de exames: saiba quais detectam o HPV
O estudo, conduzido por profissionais do Hospital AC. Camargo – referência nacional no tratamento oncológico – mostrou que em 85% dos casos dos cânceres de pênis HPV positivos há presença do subtipo 16 do vírus (são cerca de 100 tipos existentes), justamente o mais recorrente nos casos femininos de câncer de colo de útero.
“Estamos diante de um problema grave. Se isso não for alertado e não desenvolvermos conscientização, teremos uma epidemia de cânceres ginecológicos, penianos e também na área da cabeça e do pescoço”, afirma a bióloga e geneticista Silvia Rogatto, uma das autoras do estudo.
Além do sexo com penetração, as relações sexuais orais desprotegidas já são apontadas como causa de câncer na boca, laringe e faringe, conforme mapearam pesquisas recentes que alertam sobre o assunto.
Segundo as projeções do Instituto Nacional do Câncer (Inca) são registrados em média 5 mil casos de câncer de pênis anualmente. Deste total, 1000 resultam em amputações totais ou parciais, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Já o câncer de colo de útero é o segundo mais incidente entre as mulheres, atrás apenas do de mama, o que reforça a necessidade de ações de prevenção entre os dois gêneros.
A mutilação peniana é decorrente do diagnóstico feito em estágios avançados da doença e, alerta o Ministério da Saúde, o público masculino tem mais resistência em visitar o médico e fazer exames preventivos – enquanto 16 mil consultas anuais são feitas em ginecologistas, apenas 2 mil homens visitam o urologista no ano.
Vacinas
A relação entre HPV, câncer peniano e câncer de cabeça e pescoço já tinha sido o argumento para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar, no ano passado, a vacinação contra o HPV para o público masculino. Até então, a imunização era restrita para mulheres.
Por ora, as doses preventivas só estão disponíveis em clínicas particulares brasileiras. Para chegar ao Sistema Único de Saúde (SUS), declarou recentemente o ministro da saúde, Alexandre Padilha, seria necessário torná-la mais versátil. Leia o posicionamento do Ministro.
Tratamentos
A pesquisa do AC Camargo, além de encontrar associação do câncer de pênis com o HPV, detectou que mutações no DNA e nas células dos pacientes com a doença também influenciam na letalidade do tumor.
Para chegar aos resultados, foram avaliados 42 homens com o diagnóstico da doença e feito um mapeamento genético do câncer. “Essas alterações podem direcionar os médicos e a própria indústria a elaborar tratamentos mais certeiros e com menos efeitos colaterais”, diz Silvia Rogatto.
“Isso pode incentivar os homens na busca de tratamento, já que muitos ficam distantes por receio extremo das amputações”, completa.
É importante ressaltar que as mutilações não são regra universal, porém indicadas justamente quando há demora para o diagnóstico, o que reduz os índices de sucesso de tratamentos como quimioterapia e radioterapia.
Veja aqui: Pequeno dicionário dos tratamentos de câncer
Além do HPV, outros estudos epidemiológicos já mostram outras causas do câncer de pênis. Um deles, feito também pelo AC Carmargo, identificou que quase 15% dos doentes relataram fazer sexo com animais (zoofilia). A má higiene é outro caminho para a infecção.
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