domingo, 8 de janeiro de 2012

Candidatos ao Sisu devem contar com diminuição na nota de corte

 

Experiências anteriores mostram que candidatos com pontuação abaixo da exigida na primeira chamada devem manter expectativa


Cinthia Rodrigues e Priscilla Borges, iG São Paulo e Brasília

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Quando o estudante Libério Mendonça conferiu a nota que o Sistema de Seleção Unificado (Sisu) de 2011 apontava como mínimo para a vaga que queria, teve certeza que estava desclassificado. A nota de corte da primeira chamada para Fisioterapia na Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) foi 695 e a média dele, 499. No entanto, olha ele comemorando o ingresso no curso na foto abaixo.

Foto: Arquivo pessoal
Libério durante trote pela entrada em Fisioterapia na UFVJM

O caso de Libério não é isolado e pode servir de referência aos candidatos que tentarão uma vaga a partir de amanhã, quando o Sisu de 2012 será aberto. Como a seleção é nacional e boa parte dos candidatos concorre também em outros vestibulares ou quer apenas se testar, as chances entre a primeira chamada e a fila de espera aumentam bastante.


“O Sisu começa antes da etapa de matrículas das instituições mais concorridas e muita gente mantém a inscrição lá para o caso de não passar na mais difícil”, diz Humberto Henriques Arruda, diretor do Sistema de Ensino Interativo (SEI), especializado em cursos pré-vestibular para carreiras de engenharias.

Como os aprovados nas vagas mais concorridas costumam estar entre os primeiros no Sisu, as chamadas seguintes terão as vagas abertas com as desistências dos que migrarem para estas instituições. No caso dos alunos do SEI, Arruda diz que a maioria prioriza o Instituto Militar de Engenharia (IME), cuja matrícula ocorre no dia 9 e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que só confirmará os aprovados no dia 23. “Depois destas datas, candidatos que tentam engenharia podem esperar uma boa queda na nota”, afirma.
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O mesmo vale, por exemplo, para vagas em São Paulo, após os resultados de Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Campinas (Unicamp).

Libério ficou tão otimista por ter sido chamado que resolveu correr atrás de um sonho que achava impossível: cursar Medicina. “Acabei deixando Fisioterapia e fiz mais um ano de cursinho. Este ano, estou com média 620. De novo, acho que não vai dar, mas vou me inscrever e esperar.”

Gabrielle Schneider, de 22 anos, aprendeu que entrar em desespero por causa das notas de corte dos cursos e trocar de opção a cada dia não é a melhor estratégia. “Ninguém deveria fazer como eu fiz”, diz, contando que queria estudar Engenharia Agrícola, mas como estava longe da nota de corte na instituição perto de casa, tentou outra universidade. Desistiu por conta da distância.

Depois, conseguiu uma vaga remanescente no curso de Gestão Ambiental na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que era próximo. Mas não está feliz com a graduação e tentará uma nova vaga no ano que vem. “Vou fazer tudo de novo e tentar Agronomia, que é a área que eu queria”, conta.

Por conta de histórias assim, o Ministério da Educação reduziu as chances de troca de opção. Desde o Sisu de meio de ano de 2011, o candidato não pode mais alterar a inscrição depois da primeira chamada.

Foto: Arquivo pessoal
Daniel pede a candidatos que escolham com responsabilidade para não "roubar" vagas à toa

Daniel Teixeira Brisolara, 30 anos, espera que haja mais “responsabilidade” dos inscritos em suas escolhas. A possibilidade de trocar de opção de curso de acordo com as notas de corte, na opinião dele, leva muitas pessoas a “brincarem demais” e prejudicarem outros candidatos. Foi o caso dele mesmo.

No ano passado, ele tentou uma vaga no curso de Matemática da Universidade Federal do Ceará (UFC) em primeira opção e, na segunda, o mesmo curso no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará. Não imaginou que a disputa seria acirrada pelas vagas e, mesmo vendo as notas de corte variarem ao longo dos dias, não mudou suas opções.

No fim, declarou interesse em participar da lista de espera, mas não adiantou. Não conseguiu a vaga. “Depois, fiquei sabendo que sobraram três ou quatro vagas na universidade, porque os alunos chamados se matricularam, mas não continuaram o curso”, conta. “Os estudantes deveriam, de alguma maneira, ter comprometimento maior com sua escolha. Eu acredito que fiquei fora por conta disso”, lamenta.

Agora, Daniel se prepara para se inscrever de novo no Sisu. Com notas melhores – especialmente na redação, na qual tirou 1.000 pontos –, ele espera ter mais chances. Dessa vez, também vai mudar o alvo. Daniel quer uma vaga em Engenharia da Computação no Instituto Federal do Ceará. “Se não estiver dentro da nota de corte, não vou mudar minhas opções para não atrapalhar outros candidatos”, garante.

Foto: Arquivo pessoal
Ricardo em aula prática com vaga garantida via Sisu

Ricardo Pereira, 20 anos, também defende que os candidatos insistam em manter suas primeiras opções de curso. “Muitas vezes, as regras mudam quando estão chamando as vagas remanescentes e as chances de conseguir a vaga aumentam. Além disso, outros desistem de cursar. E não adianta escolher uma coisa que não gosta e depois abandonar”, pondera.

O estudante carioca admite, no entanto, que as instituições podem surpreender positivamente. Ele havia marcado como primeira opção no Sisu, em 2010, Medicina Veterinária na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e, na segunda, o mesmo curso na Universidade Federal Fluminense (UFF).

Foi chamado na UFF, mas continuou na espera na UFRRJ. Na fase de reclassificação, a Rural decidiu retirar o bônus dado a estudantes de escolas públicas e a classificação dele subiu e conseguiu ser chamado. “Se eu tivesse desistido, teria perdido a chance de obter a vaga”, analisa. No final, gostou do curso da UFF e não trocou. “O bom é que não tomei a vaga de outra pessoa”, diz.

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