Segundo estudo, malha mais quem pensa que exercício ajuda a melhorar a vida hoje, e não no futuro
Especialistas em saúde e fitness há anos tentam motivar as pessoas a se exercitarem mais usando como argumentos uma série de benefícios de longo prazo como perder peso, prevenir doenças do coração, afastar a demência na velhice ou evitar o desenvolvimento de doenças crônicas.
Certo, a atividade física realmente é boa para tudo isso. Mas será que a mensagem motivacional não está equivocada desde o princípio? Uma nova pesquisa mostra que “melhore a saúde do coração” pode ser uma mensagem de incentivo bem menos eficaz do que, por exemplo, “sinta-se bem agora”.
Um estudo da Universidade de Michigan constatou que as pessoas são mais propensas a se exercitar quando as razões para se mexer têm aplicação imediata na rotina diária. Por exemplo, dizer a uma pessoa que ela terá mais energia depois de trabalhar fora parece ser muito melhor do que dizer que fazendo exercícios ela estará menos propensa a desenvolver diabetes.
Para Michelle Segar, a principal autora do estudo, os resultados indicam a necessidade de melhorar a “propaganda” do exercício. Só assim, ela acredita, as organizações de saúde que promovem a atividade física verão melhores resultados em seus esforços.
“Precisamos desenvolver novas mensagens que ensinem as pessoas que a atividade física é uma forma de reduzir o estresse, se sentir melhor e ter mais energia no momento da atividade e não apenas no futuro”, diz Segar, do Instituto de Pesquisas sobre Mulheres e Gênero da Universidade de Michigan.
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“Você se torna um pai mais paciente, rende mais no trabalho, não briga tanto com o cônjuge. Os benefícios do exercício ajudam a levar uma vida mais agradável e produtiva. A mensagem precisa ser essa”.
O estudo incidiu sobre um grupo de 385 mulheres em idades entr 40 e 60 anos, divididas aleatoriamente, que receberam diversos questionários relacionados a atividade física ao longo de um ano.
As respostas das mulheres indicaram que elas valorizavam metas de longo prazo, como a perda de peso, tanto quanto metas de curto prazo, mais diretamente ligadas à qualidade de vida no dia-a-dia, tais como redução do estresse. No entanto, Segar e sua equipe constataram que as mulheres que citaram metas de curto prazo se exercitavam com mais freqüência do que as que consideravam metas de longo prazo mais importantes.
“As mulheres que se exercitaram pela qualidade de vida faziam significativamente mais exercícios do que as outras”, disse Segar.
Aquelas que se exercitaram com base na qualidade da vida diária malharam de 15% a 34% mais, descobriu o estudo. Uma constatação que aponta fortemente para a necessidade de reavaliação de como o exercício é promovido, crê a pesquisadora.
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“Saúde e envelhecimento saudável são conceitos muito abstratos”, diz Segar. “Nós podemos considera-los importantes, mas o problema reside no fato de que vivemos muito ocupados, temos vidas complicadas. Quando você está olhando para a lista de tarefas do seu dia, o quão atraente é encaixar nela uma sessão de exercícios motivada por uma razão que está em um futuro distante, que pode nem existir? Se você está malhando para melhorar a qualidade de sua vida diária, porque a atividade reduz o estresse ou melhora o humor, consegue perceber isso imediatamente. E se você não faz exercícios, também vai se sentir pior imediatamente”.
Mensagens de incentivo para pessoas que precisam se exercitar com mais frequência, segundo ela, incluem reforçar que o exercício é uma forma de:
Se sentir melhor e com isso se tornar um membro mais agradável de sua família
Melhorar a produtividade no trabalho (malhar torna a mente mais focada)
Aliviar o estresse do dia a dia
Melhorar o humor
Desfrutar de níveis mais elevados de energia e vitalidade
Ter mais tempo para aproveitar a própria vida social e para fazer atividades ao ar livre
Embora esses sejam argumentos convincentes bem para o exercício, é bom pensar duas vezes antes de remover metas de longo prazo das estratégias de marketing em prol do exercício, defende Walter Thompson, professor de Ciência do Exercício, no Departamento de Cinesiologia e Saúde da Georgia State University e porta-voz do American College of Sports Medicine.
Metas de longo prazo, como perda de peso, tendem a ser mensuráveis, enquanto que metas de curto prazo – como aumento dos níveis de energia – são, em grande parte, subjetivos, diz Thompson.
“O problema com a meta de longo prazo é que as pessoas podem malhar por cinco meses e meio e não perder um quilo. Esse é o argumento para as metas de curto prazo. Sem um objetivo de longo prazo, no entanto, é difícil chegar a objetivos de curto prazo.”
* Por Dennis Thompson
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