segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Como proteger seu filho na internet
4 a cada 10 pais acreditam saber tudo que seus filhos fazem na web, mas 62% das crianças já passaram por "experiências negativas"
Clarissa Passos, iG São Paulo |


Foto: Getty Images
Acompanhar seu filho na rede é a atitude essencial para protegê-lo

As crianças brasileiras são campeãs mundiais de tempo passado online: elas ficam, em média, 18,3 horas por semana conectadas à internet. A média mundial é de 11,4 horas por semana - 10% a mais do que no ano passado, quando a média era 9,17 horas semanais. Este e outros dados interessantes sobre a relação das crianças com a web - e o papel dos pais nesta equação - foram divulgados ontem em um relatório de uma empresa de segurança online.
De acordo com o Norton Online Family Report, realizado com mais de 9.800 pessoas em 14 países - entre eles Alemanha, Brasil, China, Estados Unidos, França, Índia, Itália, Japão e Reino Unido - 4 a cada 10 pais afirmam que sempre sabem o que seus filhos estão fazendo online. Um número surpreendentemente alto diante da quantidade de crianças que afirmam ter "experiências negativas" na web: 62% das entrevistadas. Será que os pais realmente monitoram seus filhos? "É possível que eles monitorem o computador de casa, mas muitas vezes as crianças acessam de locais públicos", alerta a advogada Marcela Macedo, do escritório especializado em direito digital PPP Advogados e coordenadora do Movimento Criança Mais Segura na Internet.
52% dos pais admitiram que estão conscientes das atividades internéticas das crianças somente "algumas vezes". Só 5% dos pais confessaram não ter a menor ideia do que os filhos fazem online. Mas, para as crianças, 20% dos pais não sabem de suas atividades e paradeiros virtuais.
E, afinal, o que as crianças fazem online?
Segundo as respostas delas mesmas, 83% jogam, 73% navegam pela internet, 71% fazem tarefas escolares e 67% conversam com os amigos.
Seis a cada 10 pais se preocupam com a possibilidade de seus filhos ficarem expostos a conteúdos indecentes. Eles temem, ainda, que as crianças forneçam informações pessoais demais. Uma preocupação que, para Marcela, tem muita razão de ser. "A criança pode não publicar o endereço da escola onde estuda, mas posta, por exemplo, uma foto com a camiseta do uniforme. Ela não tem experiência suficiente para filtrar aquilo que ela publica, ou para entender o risco que estas informações podem trazer", diz ela.
Experiências negativas
Na pesquisa mundial, 62% das crianças disseram ter tido experiências negativas online. 41% delas relataram ter sido convidadas a fazer parte de redes sociais por pessoas que não conheciam. 33% baixaram vírus. 25% viram imagens violentas ou de nudez e 10% foram convidadas por pessoas desconhecidas a se encontrar com elas na vida real.
As crianças reagem a estas experiências negativas de maneiras diferentes. Mais de um terço delas sentem raiva, frustração, medo e preocupação depois das experiências. Um quinto sentem-se envergonhadas, pois acreditam que a culpa pela experiência é delas.

"É fundamental que as crianças saibam que seus pais vão ouvi-las e ajudá-las a corrigir as coisas", recomenda Marian Merritt, Conselheira de Segurança na Internet da Norton, no relatório. Marcela concorda e revela a palavra-chave para que os filhos naveguem com segurança: participação. "Os pais precisam participar da vida digital dos filhos, para evitar ao maximo que as coisas ruins cheguem às crianças. O que eles acharem necessário para a segurança dos filhos, devem fazer", recomenda. É importante lembrar que os pais também devem conhecer a rede: "Não há como orientar sem conhecer", finaliza.
Dicas práticas para monitorar o uso da internet por seu filho
- De tempos em tempos, pesquise os nomes da criança em um sistema de busca, para ver o que aparece.
- Dependendo da idade de seu filho, vale ter as senhas de emails, programas de mensagens instantâneas e redes sociais das quais eles participam. Você pode criar os perfis junto a ele.
- Navegue junto à criança e estabeleça horários para o uso do computador em casa.
- Instale um bloqueador de endereços impróprios.
- Navegue sozinho, participe das redes sociais em que seus filhos se encontram, tenha perfis de programas de mensagens instantâneas. É preciso conhecer para ensinar.
- Deixe o computador de casa em um lugar de passagem, como numa mesa no corredor ou na sala.

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