sábado, 17 de dezembro de 2011

Nos EUA, colégios militares também se saem melhor em provas




Avaliação americana destaca resultado de escolas para filhos de militares. Lá, motivo parece estar ligado a menor foco em testes

 

The New York Times - IG



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Os resultados do programa de testes educacionais federais dos Estados Unidos de 2011, conhecidos como Avaliação Nacional do Progresso Educacional, ou Naep, na sigla em inglês, foram divulgados. E mais uma vez, as escolas de bases militares do país superaram as escolas públicas tanto nos testes de leitura quanto de matemática da quarta a 8ª série do ensino fundamental.


Nas escolas de bases militares, 39% dos alunos da 4ª série obtiveram notas que determina sua proficiência na leitura, em comparação com 32% de todos os alunos de escolas públicas. Ainda mais impressionante, a diferença de desempenho entre estudantes negros e brancos continua a ser muito menor em escolas de bases militares e está encolhendo mais rapidamente do que nas escolas públicas.



No teste de leitura Naep, negros da 4ª série em escolas públicas apresentaram uma média de 205 pontos dentre 500, em comparação a uma pontuação de 231 para estudantes brancos de escolas públicas, uma diferença de 26 pontos. Negros da 4ª série em escolas de bases militares pontuaram em média 222 em leitura, enquanto os brancos pontuaram 233, uma diferença de 11 pontos.

Na verdade, os negros da 4ª série de escolas de bases militares tiveram notas melhores do que os alunos da escola pública como um todo, cuja média de pontuação foi de 221.

Como explicar a diferença? Virou moda entre os educadores americanos voar para Helsinque para investigar como as escolas do país geram finlandeses tão produtivos. Mas por apenas US$ 69,95 por noite, eles podem se hospedar no Days Inn emde Jacksonville, Carolina do Norte, e investigar como as escolas aqui na base de Camp Lejeune geram americanos tão produtivos - brancos e negros.

Eles descobririam que as escolas de bases militares não foram sujeitas ao principal programa de educação do ex-presidente George W. Bush, o No Child Left Behind, ou ao de Obama, o Race to Top. Eles perceberiam que os testes padronizados não dominam as escolas e não são usados para avaliar professores, diretores e escolas.

Encontrariam Leigh Anne Kapiko, diretora da Escola de Ensino Fundamental Tarawa Terrace, uma das sete escolas desta região. Preparação para o teste? "Não", disse Kapiko. "Isso não é feito nas escolas do 

Departamento de Defesa. Nós nem sequer temos material para a preparação."
Nessas escolas, os testes padronizados são usados como se pretendia inicialmente, para identificar os pontos fracos de uma criança e avaliar a eficácia do currículo escolar.

Kapiko é a diretora tanto dentro quanto fora dos portões e acredita que as escolas de bases militares são mais carinhosas do que as escolas públicas. "Nós não temos que ser tão arregimentados, já que não estamos preocupado com a capacidade de uma criança de acertar um teste", disse ela.

Crianças militares não são submetidas a exercícios de teste de preparação. "Para nós," Kapiko disse, "as crianças são crianças, elas não são pequenos soldados."

De acordo com a agenda educacional de Obama, os governos estaduais agora podem ditar a diretores como coordenar suas escolas. Em Tennessee - que obteve pontuação 41 no NAEP e não fez nenhum progresso significativo em diminuir a diferença entre negros e brancos nos testes em 20 anos - o Estado agora exige quatro observações formais de um professor por ano, independentemente do diretor acreditar que ele seja excelente ou fraco. O Estado declarado que a metade da classificação de um professor deve ser baseada nas notas de seus alunos.

Kapiko, por outro lado, pode decidir a forma de avaliar seus professores. Para os mais eficazes, ela faz uma observação por ano. Isso dá a ela e a sua assistente tempo para visitar as salas de aula todos os dias.


Foto: Raphel Gomide Ampliar
Estudantes de Colégio Militar brasileiro em Olímpíadas de Matemática para Escolas Públicas

Um estudo de 2001 sobre o sucesso das escolas de bases militares, realizado por pesquisadores da Universidade Vanderbilt, cita a importância das boas relações entre o sindicato dos professores e a gestão.

Mas ajudar as crianças a conseguir sucesso acadêmico envolve muito mais do que o que se passa dentro das escolas. Pais militares não precisam se preocupar em garantir a cobertura de cuidados de saúde para seus filhos ou moradia adequada. Pelo menos um dos pais tem um emprego garantido na família.

O comando militar também coloca uma prioridade na educação. Bryant Anderson, um suboficial estacionado em Dahlgren, Virgínia, recebe uma folga do trabalho para servir como presidente do conselho de administração da escola da base e técnico do time de basquete.

Pais com filhos nas escolas civis onde Kapiko foi diretora não tinham esse tipo de apoio de seus empregadores. "Se o papai trabalha em uma fábrica, ele falta três vezes e é demitido", disse ela.

O bem-estar econômico da família tem um impacto considerável sobre a forma como os alunos pontuam em testes padronizados e é difícil fazer comparações exatas entre as famílias das escolas militares e públicas. 

Mas de acordo com um indicador, as famílias nas escolas de bases militares e públicas têm rendas similares: o percentual de estudantes que se qualificam para almoços subsidiados pelo governo federal é virtualmente idêntico em ambas, cerca de 46%.

O que está claro é que as escolas de bases militares fizeram notáveis progressos em reduzir o déficit de aprendizado.

Os militares têm um histórico muito melhor de integração do que a maioria das instituições. Quase todas as 69 escolas de bases militares ficam no sul do país. Elas foram abertas em 1950 e 1960, porque os militares estavam racialmente integrados e não queriam que os filhos de soldados negros frequentassem escolas racialmente segregadas fora das bases.

Nevin Joplin, um sargento da Força Aérea, tem um filho na sexta série na Base Aérea Maxwell, no Alabama. Joplin, que é negro e pai solteiro, disse que tanto ele quanto seu filho, Quinn, receberam amplas oportunidades para o sucesso. Quinn foi colocado em um programa para superdotados e Joplin disse ter sido tratado de forma justa no sistema de promoção militar. "Meu histórico passa por um conselho, sem o meu nome ou qualquer coisa que possa me identificar, eles só veem o que eu fiz e decidem de acordo com o meu mérito", disse.

O capitão Derrick Bennett Jr. também é negro e tem um filho de 7 anos na escola em Fort Benning, Georgia. Ele diz a sua raça raramente, se alguma vez, entra em jogo. Mas quando ele visita a família em Birmingham, não é o mesmo. No Alabama ainda há uma certa tendência a olhar para um homem negro de forma diferente, disse ele.

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