Atingir metas pode não ser garantia de felicidade. Ao contrário: pode ser a hora de mudar de rumo e definir novos objetivos
Aos 22 anos, Tatiana Lopacktiuk já tinha conquistado o que queria: se formou em contabilidade, conseguiu um bom emprego na área e estava feliz no namoro, com casamento engatilhado. “Na época, tive certeza do que queria para a vida: ser contadora profissional, ganhar bem e casar com o meu então namorado.” Mas, logo depois de se formar, começou a bater uma angústia. “Ficou um vazio. Tinha tudo o que queria na mão, o diploma, o namorado. Mas no decorrer do percurso, o cenário mudou”.
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Ela se deu conta de que o namoro estava desgastado, brotou a incerteza sobre casar ou não, e a profissão escolhida não estava dando o retorno financeiro que ela imaginou. “Fiquei meio triste. Corri tanto pra alcançar algo e, no fim, já não queria mais”, conta. “Uns seis meses depois de me formar, vi que minha vida não tinha mudado em absolutamente nada. Nem aumento salarial eu tive. Meu sonho não era tudo aquilo que sonhei”.
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Crises assim são comuns ao atingir metas e objetivos. Podem ter várias causas: no percorrer o caminho até o objetivo, a pessoa já pode ter mudado de valores e não querer mais as coisas com que sonhava, por exemplo. É possível também que, na prática, o objetivo não seja exatamente como imaginado. Ou pode ser simplesmente a felicidade atingida, mas que deixa a pergunta: o que fazer então? “Traçar novos objetivos”, brinca Sulivan França, presidente da Sociedade Latino Americana de Coaching. “Sonhos e objetivos nascem de crenças no momento atual, que dependem dos valores da pessoa.” Logo, para saber onde investir a energia e que rumo tomar, é preciso olhar para dentro e entender o que ainda faz os olhos brilharem. “Objetivos têm que estar alinhados com a visão de mundo da pessoa”, lembra Sulivan.
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Aí entra o segundo passo: colocar que metas são necessária para atingir um sonho, que irá na direção dos valores que a pessoa reconhece em si. “As pessoas têm desejos e sonhos comuns, mas as metas variam. Viver bem e ter qualidade de vida, para alguns, significa ter muita coisa para fazer, ter uma super vida social; para outros, é ter sossego, não ter compromissos”, lembra o coach.
Tatiana teve de se reinventar: se deu conta de que não amava a profissão. Ao mesmo tempo, o namoro de seis anos acabou, e ela perdeu o emprego. “De repente, me vi com a vida totalmente zerada. Nada me prendia a ninguém ou a um emprego. Nem ambição eu tinha, porque meu único foco tinha sido o diploma.” Foram dois anos de vazio. Ela usou o hiato profissional para se aprofundar em mídias sociais, área de seu interesse. Conheceu pela internet o próximo namorado, e decidiu sair de Foz do Iguaçu, no Paraná, para viver em São Paulo com ele.
Em alguns meses, após estrear como redatora em uma agência, casou-se. “Quando abandonei tudo e vim para São Paulo, descobri que podia qualquer coisa. Por isso, hoje, tendo cumprido minha nova meta, ser redatora, não me sinto triste ou vazia. Parece que agora a meta pode ser qualquer coisa, não precisa ser grandiosa. Agora eu invento pequenas metas, sabe? Vou inventando vários desafios e fico feliz assim”, diz a redatora de 26 anos, que garante que não sonha em acrescentar filhos ao lar que já conta com dois gatos. “Por ora estou exatamente onde queria estar”.
Objetivo: desapego
O professor Antonio Lacerda Miotto, 45 anos, tem uma perspectiva bem diferente. “É minha história: tive uma filha, plantei uma árvore, casei, descasei, tive casa, carro, carreira. E daí?”, se questiona. Parece triste, mas é apenas reflexivo. “Aqui cheguei, me perguntei e percebi que nada tinha sentido. Para manter as metas, tinha que acumular mais e mais, mais horas de trabalho, mais horas de stress. Pouco ou quase nada para aproveitar a existência”. Antonio então vendeu o carro, a casa, diminuiu a carga horária de trabalho e foca nas relações que são importantes para ele, como a filha.
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O professor universitário não se vê exatamente numa crise da meia idade. “Aos 45 anos, enraizei alguns valores que carrego comigo desde meus 16 anos, outros valores adquiridos ao longo dos anos foram ganharam novos significados e alguns foram jogados fora”. Ainda assim, admite que a idade tem vantagens. “O bom de ter mais de 40 anos é poder olhar e perceber que, no labirinto em que nos encontramos, existem mais de duas saídas”, diz. Mariah Bressani, psicóloga, psicoterapeuta e coach, acredita que seja outro caminho possível. “Você pode seguir o padrão de educação tradicional, que orienta a buscar família, relacionamento e emprego perfeitos, brigando para conquistar um espaço, para mostrar para o mundo que está feliz e realizado. Ser feliz não depende disso. Para outras pessoas, é importante estar de bem consigo mesmo”, afirma.
Mariah observa que nossa sociedade cultua a meta exterior, o olhar sempre para fora. “Atualmente, você tem que fazer projetos, criar metas, e em função delas correr atrás da vida, estruturar-se”, diz. Aos 30, segundo ela, é uma fase normal de avaliação. Objetivos mudam conforme passam os anos. E tendo atingido conquistas mais concretas ou materiais, como estabilidade financeira ou constituir uma família, a tendência é buscar metas mais interiores. “Na nossa sociedade, ensina-se a olhar para fora o tempo todo. Um grande exercício é olhar para dentro, e buscar dentro de si o que dá essa satisfação”, acredita a psicóloga. São esses valores que podem basear futuras metas, sejam elas grandes ou pequenas. A psicóloga lembra também que a avaliação pós-conquista de metas podem trazer bem-estar também. “A pessoa pode relaxar porque já provou a si e ao mundo que é capaz. É hora de curtir a vida. Mas não por desapego, mas por autoestima e autoconfiança fortalecida.” Sem crise.
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