Para que se possa estudar a história da Educação e da Pedagogia, é necessário distinguir, primeiramente, suas definições. Tem-se como Educação aquilo que influencia o ser humano de modo intencional e sistemático, a fim de formá-lo e desenvolvê-lo; Pedagogia é a ciência da Educação, uma reflexão sistemática sobre esta. Ela é a ciência do espírito e está intimamente relacionada com a Filosofia, Psicologia, Sociologia e outras disciplinas.
Assim, tendo a Pedagogia como algo teórico, uma linha de pensamento, muitas vezes idealizada, é através desta que a Educação se expressa na prática, de acordo com a realidade e com as circunstâncias do momento.
Podemos dividir a história da Educação em dez fases: primitiva, oriental, clássica, medieval, humanista, cristã reformada, realista, racionalista e naturalista, nacional e democrática.
A educação primitiva baseia-se na caça e depois na agricultura, pois uma vez que estas eram a realidade do momento, o cenário histórico da época, foi então também a forma de educação existente. História e educação estão intimamente ligadas, portanto, a educação se manifestará de acordo com os acontecimentos históricos de um determinado período.
Uma vez que a caça e agricultura eram valorizadas, assim foi a educação da época; as crianças aprendiam como caçar, principalmente os meninos visto que esta era uma época fortemente patriarcal. Quando a agricultura passou a ter uma importância maior, a educação também mudou; o matriarcalismo imperava e as meninas aprendiam como cultivar e cuidar das terras.
A segunda fase, a chamada oriental (séc. 30 ao 10 aC) teve como foco as regiões do Egito, Índia, Arábia, China e o povo hebreu entre outros. Nessa época surge a existência de uma organização política, de um Estado propriamente dito, visto que na fase anterior não existia. Havia classes diferenciadas de atuação, ou seja, iniciou-se uma separação de categorias, sendo estas de guerreiros, sacerdotes e a massa do povo trabalhador. De acordo com nível de erudição de cada categoria, estudavam-se afazeres domésticos, agricultura, religião (budismo, os Vedas, Talmud e outras); a leitura e escrita eram ensinadas apenas aqueles com muita erudição, no caso os sacerdotes, e eram ensinadas sempre de modo mecânico e tradicional.
Já na fase clássica (séc. 5 a 10 dC), tendo como principais locais Grécia e Roma, o caráter humano passa a ser super valorizado; o Estado e a religião eram considerados, mas não tanto quanto o homem. Esse momento possui até hoje uma grande influência para nós. Foi a partir daí que a inteligência crítica passou a ser cultivada e a educação passou a fazer relações com a vida social e individual do ser humano. A organização política também tornou-se mais sólida nesse momento.
Em termos curriculares, a aprendizagem se dava através do uso de armas, jogos e esportes, artes musicais, oratória, gramática, retórica e mais tarde, matemática e astronomia, sempre ensinadas de forma memorizativa e com castigos. A educação nessa época era recebida nos palácios e castelos dos nobres, sendo este um assunto de responsabilidade muito mais da sociedade do que do estado. As enciclopédias também surgem nessa fase.
Mais tarde aparecem os sofistas, que foram "intelectuais" pertencentes à Grécia e que tinham o "dever" de formar o cidadão como político e orador, mas na verdade, ao que parece, eles queriam manipular as pessoa de acordo com seus interesses.
Nessa época começam a surgir os grandes filósofos que influenciaram e influenciam até hoje o pensamento ocidental.
Sócrates, ao contrário dos sofistas, não passava seus ensinamentos por dinheiro; fazia-o espontaneamente. Sua linha educacional era de caráter moral, ético e espiritual. Através da Virtude, ele ensinava seus discípulos a pensar; seus diálogos eram cheios de ironia e maiêutica (forçar ou sugerir o pensar) para que se pudesse perceber a ignorância do ser humano. Pode-se dizer então que este é o início do humanismo na educação. Platão também contribuiu e muito na educação. Apesar de ser também humanista, ele tinha um caráter um pouco mais voltado à política; para ele, a educação estava ligada ao estado e vice-versa. Sua principal idéia em relação à educação era de "formar o homem moral dentro de um Estado justo".
Aluno de Platão, Aristóteles foi um grande educador, principalmente de príncipes. Foi responsável pela educação e formação de Alexandre, o Grande. Havia também uma preocupação em valorizar o lado humano e, através do método indutivo ele preparava seus alunos para a vida.
Tratando um pouco mais sobre a educação romana, esta era passada de uma forma um pouco mais formal do que a grega, dando um maior valor à família e à política. Como se pode notar, essa foi uma fase de grande movimento e mudanças.
A partir do surgimento do cristianismo, a igreja passa a ser a orientadora responsável pela educação, de forma que tudo aquilo que era valorizado nessa religião, automaticamente o era na educação. A igualdade entre os homens e a supervalorização da família faziam parte do processo de educação dos padres e monges, como também o ensinar a ler e a escrever para que se pudesse ler a Bíblia e os Evangelhos. Com isso, o estudo passa a ter um caráter fortemente religioso e é nessa época que surgem também as escolas de catequistas.
A quarta fase, a medieval, mantém a religiosidade de maneira mais intensa do que a fase anterior, valorizando a emoção, as matérias abstratas e literárias e desprezando o cientificismo. O latim passa a ser estudado como língua universal e é nessa época que a ordem dos beneditinos surge.
A chamada educação cavalheiresca também se dá neste momento, de forma que a honra, a fidelidade, a proteção e a cortesia passam a fazer parte da formação. Grandes universidades como a de Oxford é fundada, assim como Roger Bacon e São Tomas de Aquino fazem também parte dessa época.
A educação humanista (séc.15) surge na época renascentista. Da mesma forma que esta quer, historicamente, resgatar a época clássica, a educação por sua vez também retoma os valores da Grécia e Roma. Nesse momento, a burguesia está em alta opondo-se ao clero e a nobreza. As bases econômicas passam a se fortalecer e o espírito de liberdade e criticismo voltam a ser valorizados, ao contrário da fase anterior. A cultura está em alta e as matérias científicas passam a ser consideradas sem desvalorizar as humanas. Passa-se a investir mais na educação das classes baixas. Se esta fase é um retorno à antigüidade, então o estudo do latim e do grego, o esporte, o intelecto e a estética retomam uma posição de destaque. Grandes pensadores da renascença pertencem a essa época.
Tratando ainda do movimento humanista, surge a educação cristã reformada (séc.16) que engloba a Reforma de Lutero e Calvino dando origem ao Protestantismo; e a Contra-Reforma, que foi a revisão da própria igreja católica visando a disciplina e a correção dos abusos existentes. A leitura da Bíblia ainda estava em alta e a valorização do ensino popular também, para que todos pudessem lê-la. Lutero e Calvino passaram a dar valor não só ao latim mas também a própria língua, eles queriam que o indivíduo estivesse preparado para a sociedade. Foi nessa época que a "Companhia de Jesus", fundada por Inácio de Loyola aparece, formada por padres e jesuítas que tinham o intuito de difundir a religião e de fundar escolas.
A partir do século 17, a educação realista passa a vigorar, de forma que o raciocínio passa a ser ultra valorizado. Depois de dar tanto valor à religião, fé e emoção, as ciências exatas começavam a imperar, mas ainda assim a religião tinha um papel importante, porém não tanto quanto a épocas anteriores.
A oitava fase da educação, racionalista e naturalista, ainda pertencente ao mesmo século da fase anterior, tem o intuito de difundir ainda mais a educação para toda a população. Para tanto, foi necessária a intervenção do Estado para que todos pudessem ter acesso a ela. Nesta fase, a religião cai drasticamente, de forma que esta é "substituída" por educação moral e cívica. Desta forma, fica claro a força que o Estado passa a ter a partir de agora.
Por outro lado, tentando esclarecer a chamada educação naturalista, tem-se Rousseau como ponto de partida. Ele tentou resgatar a idéia do homem primitivo ou natural, que possui uma essência. Segundo ele, a liberdade para o homem é fundamental, porém não desenfreada ou sem limites. Sua preocupação era a de formar o homem enquanto ser humano.
A penúltima fase, a nacional, se dá na época da Revolução Francesa, ainda no séc.17. Da mesma forma que a Revolução Francesa pregava a liberdade, fraternidade e igualdade, a educação da época também o fazia. Desta forma, eles queriam despertar o espírito social nas pessoas. A religião passa a ter uma posição de neutralidade e o Estado passa a ser a "nova religião" do momento.
O século 19 tem como principal característica o cientificismo e o positivismo, a época onde surgiram muitos cientistas e filósofos positivistas como foi o caso de August Comte.
Porém, é nessa época também, que cada país se "fecha" envolvendo-se com suas necessidades. Desta forma, o nacionalismo e o patriotismo ficam em alta.
A última fase, a democrática, pertencente ao nosso século, traz à educação uma abertura muito grande em termos pedagógicos. O ensino passa a desprezar as linhas tradicionais, intelectuais e livrescas, dando lugar à "Educação Nova". Nomes com Maria Montessori, Piaget, Decroly e outros dão uma visão diferenciada ao ensino. O aluno passa a ter maior autonomia e o Construtivismo ocupa um lugar de destaque neste momento. A abordagem tradicional entra em crise devido à própria situação histórica em que vivemos atualmente e a tecnicista passa também por reformulações, de forma que a chamada abordagem consumatória e a sócio cultural tomam mais força de maneira coerente ao que entendemos por Democracia.
Veja abaixo as teorias pedagógicas mais buscadas pelas escolas e pelos pais atualmente.
Papel do Professor
CONSTRUTIVISMO
Deve estar vigilante, sem ser restritivo, procurando antecipar respostas possíveis, encorajando a criança a encontrá-las, aceitando hipóteses provisórias que surgem nas aulas.
FREINET
É um orientador, pois sabe mais que os alunos - mas tem de usar seu conhecimento como instrumento de meditação. É amigo, age e aprende com os alunos.
MONTESSORI
Se quiséssemos resumir seu dever principal, deveríamos dizer que é explicar o uso do material. Ele representa, antes de tudo, um traço de união entre esse material e a criança.
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
É um "fisioterapeuta da inteligência". Deve abandonar o conceito unitário de inteligência e ver-se não como um repetidor de conceitos, mas como um estimulador de talentos.
WALDORF
Profundo conhecedor do ser humano, deve usar o amor como base de relação com os alunos e ter qualidades artísticas, principalmente criatividade e fantasia.
O que Fazer com os Alunos Apáticos ou Rebeldes
CONSTRUTIVISMO
As relações de conduta em sala de aula devem ser trabalhadas a partir de "contratos" - nos quais todos têm as mesmas responsabilidades e direitos.
FREINET
À medida que as crianças propõem suas idéias e trabalhos, os apáticos e rebeldes também vão acabar se colocando no grupo e descobrirão aquilo que gostam de fazer.
MONTESSORI
Cada criança tem seu espaço. Aos poucos, consegue-se a normalização. Rebeldes são isolados em algum canto da sala, enquanto os demais continuam suas atividades.
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
Essas atitudes estão condicionadas ao aluno ter inteligências dinâmicas ou ignoradas pela escola. Uma criança com talento pictórico precisa de estímulos para escrever.
WALDORF
São tratados pelo professor em sala de aula. Em casos mais graves, há um auxílio de um grupo de apoio pedagógico, que trabalha pela reintegração.
Como se Realiza a Aprendizagem
CONSTRUTIVISMO
O conhecimento é construído a partir da interação entre a criança e o meio. Conhecer é agir.
FREINET
Tateamento experimental. A criança vai tateando e aprendendo, dando passos até acertar.
MONTESSORI
Na alfabetização, método fonético. Passa-se à criança a letra e seu som. Associa-se o som a uma imagem conhecida.
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
Inteligência não é apenas a capacidade de entender alguma coisa, mas também criatividade e compreensão.
WALDORF
Varia conforme a faixa etária: 0-7 anos, por imitação; 7-14, vivências emocionais; 14-21, cognição intelectual.
FONTE: SALA DE AULA – COTIDIANO EDUCACIONAL